“Consumo de alimentos ultraprocessados durante a gestação e sua associação com desfechos perinatais e efeitos na qualidade nutricional da dieta materna”
"alimentos ultraprocessados; dieta materna; gestação; desfechos perinatais, qualidade da dieta”
“Introdução: A dieta materna durante a gestação é um dos determinantes para a melhor adequação dos desfechos de saúde perinatais. O alto consumo de alimentos ultraprocessados (UTP) tem sido associado ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis, obesidade e síndrome metabólica em adultos saudáveis, ao mesmo tempo em que se observa o progressivo aumento do consumo destes alimentos pela população, incluindo gestantes, o que interfere no perfil alimentar e qualidade da dieta. Ainda não há na literatura, dados sumarizados sobre o consumo de UTP por gestantes e o risco para agravos em desfechos perinatais, e os efeitos deste consumo no perfil nutricional e qualidade da dieta consumida. Objetivo: Investigar o efeito do consumo de alimentos UTP por gestantes em desfechos perinatais (ganho de peso gestacional, diabetes gestacional, desordens hipertensivas da gestação, peso ao nascer e prematuridade) por meio de revisão sistemática de literatura e metanálise, e avaliar a contribuição energética dos ultraprocessados no perfil nutricional da dieta materna. Método: Foi realizada revisão sistemática foi conduzida conforme as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis Protocols (PRISMA), e estudo original transversal com dados de 229 gestantes atendidas em dez unidades básicas de saúde, sendo o consumo alimentar foi avaliado por meio do registro alimentar de 24 horas. Modelos de regressão linear multivariada foram utilizados para analisar a associação entre os quintis de consumo de AUP e a ingestão de nutrientes. Resultados parciais: A metanálise com 47 estudos incluídos na revisão sistemática dos estudos de coorte indicou que o consumo de alimentos UTP na gestação está associado a maior risco de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) [Odds Ratio (OR)= 1.37; intervalo de confiança 95% (CI): 1.10, 1.64] e pré-eclâmpsia [OR: 1.27; 95% CI: 1.13, 1.40]. Não houve associação significativa com ganho de peso gestacional, hipertensão arterial, peso ao nascer e prematuridade. O estudo original mostrou que o maior consumo de AUPs impacta negativamente na qualidade nutricional e na ingestão de nutrientes pelas gestantes. Intervenções voltadas para a redução desses alimentos na dieta materna devem ser reforçadas a fim de promover a saúde materna e neonatal.”