" Obesidade sarcopênica em indivíduos que realizaram cirurgia bariátrica: método diagnóstico e metanálise do efeito do exercício físico sobre a força muscular"
Palavras-chave: obesidade sarcopênica, cirurgia bariátrica, composição corporal, força muscular, exercício físico
Introdução: A obesidade sarcopênica (OS) é definida como a coexistência da redução na massa e função muscular (sarcopenia), com o excesso de adiposidade (obesidade), contudo existe uma falta de critérios diagnósticos universalmente reconhecidos para a sua definição. A European Society for Clinical Nutrition and Metabolism e a European Association for the Study of Obesity (ESPEN/EASO) publicaram o primeiro consenso específico para definição de OS em 2022. Tal consenso ainda não foi aplicado na população após a cirurgia bariátrica (CB), a qual encontra-se em alto risco para desenvolvimento ou agravamento de OS ao longo do período pós-operatório. Ademais, postula-se que o exercício físico desempenhe um importante papel na prevenção e tratamento da OS após a CB. Objetivo: Estudar sobre a OS em indivíduos que realizaram CB, o método diagnóstico e efeito do exercício físico sobre a força muscular. Métodos: 1) Revisão sistemática com metanálise abordando o efeito do exercício físico sobre a força muscular avaliada por diferentes métodos diagnósticos após a CB. 2) Estudo transversal analítico para identificação da OS por diferentes critérios diagnósticos em indivíduos com dois anos ou mais de CB. Para análise da composição corporal foram aplicadas a bioimpedância elétrica multifrequencial (BIA) e a absorciometria de raios-x de dupla energia (DXA); já para função física, força de preensão manual (FPM), teste de sentar e levantar (TSL), timed-up and go e caminhada de seis minutos. Resultados: 1) Quinze estudos foram incluídos (n=638), nenhum apresentou baixo risco de viés e as cinco metanálises realizadas apresentaram baixo nível de certeza. O exercício físico aprimorou a força muscular avaliada pelos testes de repetição máxima em membros superiores e inferiores (0,71, 95%CI 0,41–1,01, I2=0%; 1,37, 95%CI 0,84–1,91, I2=46,14, respectivamente), TSL (0,60, 95%CI 0,20–1,01, I2=68,89%) e dinamômetro (0,46, 95%CI 0,06–0,87, I2=31,03%), porém não pelo FPM (0,11, 95%CI -0,42–0,63, I2=73,27%). 2) Foram avaliados 186 participantes (90,9% sexo feminino, mediana de 43,9 anos e 6,8 anos de pós-operatório), dos quais 60,2% (BIA) e 83,3% (DXA) apresentavam excesso de massa gorda. A prevalência de OS pelo consenso ESPEN/EASO variou de 7,9% (IC 95% 3,9-12,5; BIA) a 23,0% (IC 95% 17,1-30,3; DXA). A concordância entre o consenso ESPEN/EASO e outros critérios diagnósticos foi classificada como nenhuma a leve, já a concordância entre a BIA e o DXA dentro do consenso ESPEN/EASO foi moderada. Conclusão: O exercício físico, especialmente com um componente de treinamento resistido, pode aprimorar a força muscular após a CB, o que é intimamente relacionado à OS. Foi identificada uma prevalência alta e variável de OS após dois anos de CB, dependendo da técnica de composição corporal utilizada; a prevalência foi superior quando avaliada pelo DXA. A concordância entre os critérios diagnósticos para OS foi baixa.