“Avaliação do consumo de nutrientes e nível de atividade física no pós-operatório de cirurgia
bariátrica no Distrito Federal”
“consumo alimentar; avaliação dietética; exercício físico; massa livre de gordura; perda de peso;
bypass gástrico”
“Introdução: A cirurgia bariátrica é considerada como a estratégia mais eficaz na redução do peso de
pessoas com obesidade grave. Contudo, a longo prazo, sabe-se que pacientes que se submeteram ao
tratamento cirúrgico tendem a reganhar o peso perdido com a cirurgia. O que reforça a importância
das mudanças comportamentais, através da adesão de uma alimentação equilibrada, da prática de
atividade física e da adoção de hábitos de vida saudáveis, para o sucesso do tratamento e manutenção
do peso adequado. Objetivo: Avaliar o consumo de nutrientes, o nível de atividade física, a perda de
peso e a composição corporal de pacientes no pós-operatório tardio de cirurgia bariátrica no Distrito
Federal (DF). Métodos: Estudo observacional e transversal, realizado com pacientes adultos, de ambos
os sexos, que realizaram o bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR), há no mínimo 5 anos, em hospitais
públicos e privados do DF. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e cirúrgicos através
de questionários. Peso e composição corporal foram aferidos através de bioimpedância elétrica, e
estatura através do estadiômetro. O consumo de alimentos, bebidas e suplementos alimentares foi
obtido com a aplicação de 3 recordatórios de 24h, em dias não consecutivos. O consumo alimentar foi
convertido em nutrientes e estimou-se o consumo usual dos nutrientes através do método desenvolvido
pela Iowa State University, com o programa PC-Side. O nível de atividade física (NAF) foi avaliado
através de 3 recordatórios de 24h de atividade física (R24hAF) em dias não consecutivos. O erro de
medida do R24hAF foi identificado e corrigido através de dados de acelerometria em uma subamostra.
O percentual da perda de excesso de peso (%PEP) e a massa livre de gordura (MLG) foram os
desfechos das análises. A distribuição do consumo usual dos nutrientes está disponibilizada com os
percentis, erros padrões, e prevalências de adequação/inadequação e excesso. Utilizamos a análise de
componentes principais para identificar os padrões dietéticos dos participantes. A associação entre
padrões dietéticos, NAF e tercis de %PEP, e entre consumo de proteína, NAF e tercis de MLG foram
avaliadas em dois modelos distintos de regressão logística multinomial. Consideramos o valor de
significância de 5% para todas as análises. Resultados: A amostra foi composta por 124 indivíduos,
com idade média e desvio padrão (DP) de 48,9 (9,4) anos, mediana e intervalo interquartil (IIQ) de 9
(7-10) anos de pós-operatório de BGYR, IMC = 32,3 (28,8-35,7) kg/m², %PEP = 60,5 (26,4) %, e
MLG = 45,1 (41,1-51,9) kg. Os participantes relataram consumo energético de 1556 kcal/d, com
consumo adequado de proteína, consumo excessivo de carboidrato, gordura total, e açúcar de adição,
e baixo consumo de fibras. Cálcio, vitaminas C, D e E apresentaram as maiores prevalências de
inadequação (15%, 24%, 32%, e 49%, respectivamente). A maioria dos pacientes foi classificada
como ativa (32%) e muito ativa (35%). O padrão alimentar caracterizado pelo alto consumo de
energia, proteína, gorduras totais e saturadas, e sódio foi associado a um menor %PEP, enquanto que
o maior consumo de proteína foi associado a maior MLG. Entretanto, o NAF não apresentou
associação significativa com os desfechos. Conclusão: Os participantes desse estudo apresentaram uma dieta desbalanceada, com consumo excessivo de alguns macronutrientes e insuficiente em determinados micronutrientes e fibras. O padrão dietético rico em energia, proteína, gorduras totais e saturadas, e sódio parece interferir na perda de excesso de peso, enquanto que o consumo proteico aparenta contribuir para melhor massa livre de gordura.”