“Intersecções entre gênero, raça e classe em ambientes alimentares domésticos: desenvolvimento de modelo analítico”
“Ambiente Alimentar Doméstico. Alimentação Adequada e Saudável. Teoria Interseccional. Trabalho Feminino.”
O ambiente alimentar doméstico (AAD) é considerado um espaço primordial nos processos de escolha, preparo e consumo cotidiano de alimentos, além de ser um espaço de socialização primária, construção de saberes e hábitos alimentares. As mulheres são importantes agentes nesse contexto por estarem socioculturalmente associadas ao cuidado e ao preparo da alimentação, e enfrentam desafios resultantes das desigualdades e normas de gênero. Ressalta-se que determinantes como raça/etnia e classe social ao se articularem complexificam estas relações, fazendo com que mulheres negras e pobres, por exemplo experienciam estes contextos de modos específicos. Este estudo tem comoobjetivo propor um modelo teórico para análise de experiências de mulheres com ambientes alimentares domésticos, que tenha suporte a perspectiva interseccional. Sugere-se que modelo seja desenvolvido em duas etapas: elaboração e avaliação por especialistas e estudo piloto com mulheres, para verificar a sua aplicabilidade. Um modelo inicial foi construído a partir de revisão de literatura, de reflexões e experiências prévias da pesquisadora. Após isto, propõe-se uma oficina com especialistas com o objetivo de avaliar o instrumento. Tal atividade será inspirada na Comunity-based Participatory Research e terá como metodologia a Nominal Group Technique. As oficinais serão gravadas e transcritas e os resultados serão analisados por meio de Estatística Descritiva e Análise Temática, conforme Braun e Clarke (2006). Os dados resultantes da oficina serão utilizados para aperfeiçoamento do instrumento. Na segunda etapa, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com mulheres a cerca das suas experiências com ambientes alimentares domésticos, com o intuito de validar a pertinência dos elementos e relações presentes no modelo analítico proposto. As entrevistas serão gravadas, transcritas e analisadas através da Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2015). Os resultados serão confrontados com o modelo analítico e se necessário, este passará por nova reformulação. Destaca-se a presença de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e de Termo de Cessão de Uso de Voz, com o objetivo de garantir a ética e o sigilo para as pessoas participantes. Por fim, acredita-se que os dados produzidos pelo estudo possam contribuir para o fomento a estudos que priorizem a ótica interseccional no campo da Alimentação e Nutrição, bem como o fortalecimento de políticas que melhorem as condições de vida das mulheres e promovam justiça e equidade.