Não é sobre a vacina, é sobre liberdade": O ativismo contra a obrigatoriedade das vacinas para a COVID-19 no Brasil
ativismo, vacinas, extrema-direita, bolsonarismo, populismo, teoria de enquadramentos
A pandemia de COVID-19 foi um evento politizado e contencioso, que explicitou divisões ideológicas entre extrema direita e progressistas que eram anteriores à crise sanitária. No Brasil, o então presidente Jair Bolsonaro, um populista de ultradireita, fez diversos discursos que atacavam os imunizantes, o que impulsionou um ativismo até então pouco comum no país contra a obrigatoriedade das vacinas e a vacinação infantil para a COVID-19. Esta dissertação é guiada pela seguinte pergunta de pesquisa: qual é a relação entre ideologias políticas de direita e o ativismo contra a obrigatoriedade da vacina para a COVID-19 no Brasil? O objetivo geral da pesquisa é, então, compreender de que forma houve a conexão entre ideologias de direita e o movimento de contestação a vacinação obrigatória para a COVID-19 no Brasil. De forma específica, analisamos as formas de legitimação discursiva e construção de enquadramentos dos ativistas. A pesquisa tem um desenho qualitativo baseado em 42 entrevistas semi-estruturadas com parlamentares e ativistas e na observação participante realizada em 5 eventos: 2 cursos online e 3 protestos presenciais. Buscamos, através deste esforço, analisar os enquadramentos interpretativos e as estratégias de ação coletiva de ativistas contrários à vacinação obrigatória para a COVID–19. Como resultado, encontramos nos discursos uma forte homogeneidade ideológica à direita e uma construção identitária que estrategicamente rechaça os rótulos de “antivacina”, “anticiência” e “negacionistas”.