Novo Ambiente Informacional e Campanhas Digitais na Democracia Hiperpolarizada: Redes, Enquadramentos e Estratégias - Um estudo a partir das eleições presidenciais brasileiras de 2018 e 2022 no Twitter.
Campanha digital. Comunicação Política. Comportamento político-eleitoral. Polarização. Identidade social. Propaganda Negativa. Twitter
As implicações do novo ecossistema informacional sobre a comunicação e o comportamento político-eleitoral, a partir da expansão das mídias sociais, vêm adquirindo destaque como agenda de pesquisa interdisciplinar. Nessa perspectiva, o projeto busca contribuir para a sistematização e análise de diferentes dimensões relacionadas à utilização de uma das ferramentas digitais na disputa eleitoral pelos principais candidatos (supply-side) nas campanhas presidenciais brasileiras de 2018 e 2022 - ciclo marcado por diversas peculiaridades institucionais, políticas e jurídicas. Para tanto, articulará a discussão envolvendo mídias digitais, polarização, identidade social e propaganda no contexto do debate teórico mais amplo entre transformações tecnológicas e desintermediação política. Especificamente, investigará que papeis cumpriu o Twitter - como meio aberto, identificado e oficial de divulgação - durante a campanha oficial, à luz das estratégias, dos enquadramentos e das redes utilizadas diretamente pelos postulantes. A indagação central se desdobrará em variáveis como grau de contenciosidade, estilo, aprovação, interatividade, atores mobilizados, entre outras. Em sua dimensão empírica, o estudo observacional conjugará abordagens qualitativa e quantitativa, utilizando técnicas de análise de conteúdo, textual e léxica, ao lado da análise de redes sociais e da condução de teste de hipóteses conexos à reação dos eleitores. Sua contribuição está igualmente relacionada à apresentação de um olhar verticalizado sobre as manifestações dos players de diferentes espectros ideológicos, em momentos distintos, viabilizando pelo menos três dimensões de análise comparativa. Na primeira, entre as principais candidaturas internamente a cada um dos dois pleitos (entre campos). Na segunda, ao ensejar o contraste entre as forças que representam espectros ideológicos similares à luz de ambos os processos (intra campos), inclusive à luz dos achados sobre o fator desafiante-incumbente e posição nas intenções de voto. Adicionalmente, na última, colocando em perspectiva determinados aspectos do caso brasileiro em face de outras três acirradas campanhas presidenciais realizadas em 2022: a francesa, a australiana e a colombiana. Assim como ocorreu com o desenvolvimento técnico que levou ao advento dos meios de informação de massa do Século XX, não restam dúvidas que se está diante de uma poderosa arena de comunicação e combate político, para a qual progressivamente o debate democrático e a disputa por visibilidade e atenção vão se deslocando - por consequência, abrindo espaço para novas reflexões e pesquisas como a presente.