O que são direitos humanos para extrema direita?
Extrema direita. Direitos humanos. Ideologia. Política.
A vitória de Jair Messias Bolsonaro na eleição em 2018 para presidente do Brasil, posicionou a extrema direita no poder, tendo ele e seus apoiadores ou parte deles uma atuação de forma altamente conflituosa e autoritária com ameaças e pondo em risco as instituições, o Estado de Direito, a Democracia e os direitos humanos (no caso desse último, negando, e as vezes apresentando sua própria visão).
A eleição de 2022 trouxe novamente pela terceira vez, Lula para um terceiro mandato de presidente da república, um dia após sua vitória, começaram uma série de manifestações golpistas e antidemocráticas por todo o Brasil, com pessoas acampadas na porta de diversos quarteis das Forças Armadas e rodovias interditadas, pediam que as Forças Armadas dessem um golpe, e um dia após ser diplomado, 12 de dezembro de 2022, ocorreram violentos protestos em Brasília contra a vitória de Lula.
Em seguida, em 8 de janeiro de 2023, ocorreram os ataques Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto, instituições e símbolos do Estado de Direito, dos três poderes e da democracia, sem contar os diferentes posicionamentos nas mídias sociais, é nesse cenário belicoso que proponho a pesquisa que busca entender o que são direitos humanos para extrema direita.
Na democracia brasileira, o Estado de Direito e os três poderes possuem um papel político e jurídico fundamental na existência, promoção, garantia, fazer valer os direitos humanos, e na sua não efetivação, dessa forma, são alvos da extrema direita brasileira em sua visão de mundo do que são e não são direitos humanos, como deve funcionar, a quem deve ser destinado, como devem funcionar as instituições e os poderes estabelecidos.
Essa pesquisa tem como objeto e alvo as pessoas da extrema direita na cidade de Anápolis, Estado de Goiás. Serão observadas e analisadas as falas e discursos dos entrevistados, considerando e verificando seus vínculos ideológicos com os atores políticos, personalidades e movimentos sociais de extrema direita, tendo como norte a escolha de um marco teórico e conceitual que aborda ideologicamente a extrema direita e os direitos humanos.
A pergunta que estrutura essa pesquisa é: o que são direitos humanos para a extrema direita? A partir da pergunta apresentada e como ponto de partida, tem-se como objetivo geral saber quais são os fundamentos ideológicos e políticos da compreensão dos direitos humanos da extrema direita? No desenvolvimento e desdobramento do objetivo geral, desse processo de conhecer a perspectiva da extrema direita sobre direitos humanos, projeta-se os objetivos específicos com a intenção de identificar como classe social, gênero, raça, liberdade e igualdade são percebidos no entendimento de direitos humanos da extrema direita.
O desenho da pesquisa é qualitativa, descritiva e analítica. O método nesse desenho, utiliza a teoria sociológica compreensiva de Max Weber. Porém, ao mesmo tempo que se tem como foco o indivíduo, percebe-se a necessidade de uma complementação com a abordagem dialética na perspectiva como foi desenvolvida por Engels. A metodologia no desenho da pesquisa se utiliza da técnica de entrevista semi-estruturada com pessoas do campo da extrema direita sobre o tema direitos humanos, a partir de alguns temas fundamentais sobre direitos civis, políticos, sociais e temáticas mais recentes.
Para análise das entrevistas pretende-se utilizar a análise do discurso, tendo como base o que Van Leeuwen sugere para analisar a forma como os discursos constroem a legitimação para as práticas sociais na comunicação pública e privada. Nessas duas esferas, o autor propõe quatro categorias base de legitimação dos discursos, como a autorização, a avaliação moral, a racionalização e a mythopoesis.