DACARBAZINA PARA O TRATAMENTO TÓPICO DE MELANOMA: EFEITO DA IONTOFORESE E DA NANOENCAPSULAÇÃO NA POTENCIALIZAÇÃO DA PENETRAÇÃO CUTÂNEA
dacarbazina; melanoma; administração tópica; iontoforese; nanopartícula polimérica.
A dacarbazina (DTIC) é o quimioterápico padrão para o tratamento sistêmico do melanoma, uma forma invasiva e agressiva de câncer de pele. Contudo, sua administração intravenosa está relacionada à diversos efeitos adversos, que poderiam ser contornados pela aplicação tópica. Este projeto propõe avaliar o efeito da iontoforese e da nanoencapsulação sobre a administração tópica da DTIC. Inicialmente, um método analítico por cromatográfica líquida de alta eficiência foi validado para quantificação do fármaco na presença dos contaminantes da pele. Uma coluna C18 de fase reversa foi usada como fase estacionária, e a eluição gradiente de uma fase móvel consistindo de metanol e tampão monohidratado de fosfato de sódio pH 6,5 (0,01 mol/L) a uma vazão de 1,0 mL/min foi implementada. DTIC foi detectada em 364 nm. O método foi seletivo contra interferentes cutâneos, linear (r = 0,9995) em uma faixa de concentração de 1,0–15,0 μg/mL, preciso com coeficiente de variação global inferior a 3,8%, exato recuperando entre 91-112% do fármaco presente nas camadas da pele, e sensível com limite de detecção de 0,10 μg/mL e limite de quantificação de 0,30 μg/mL. Em seguida, foram avaliados os estudos de permeação do fármaco com aplicação iontoforética. A estabilidade elétrica do fármaco foi avaliada antes dos experimentos iontoforéticos. Três perfis de corrente (0,10; 0,25 e 0,50 mA/cm2) foram testados através de testes in vitro utilizando pele de orelha suína e células de difusão, em que a permeação de DTIC foi avaliada em solução e em solução com antioxidante durante 6 h. Os resultados sugeriram que a instabilidade da DTIC na presença da corrente requer o uso de um antioxidante que impeça a sua degradação. Diferentes níveis de densidade de corrente podem modular e influenciar a extensão da penetração e permeação do fármaco, além disso, a presença de um íon concorrente pode reduzir a permeação do fármaco sob a corrente baixa de 0,10 mA/cm2. Porém, ao aumentar a densidade de corrente para 0,25 mA/cm2 e 0,50 mA/cm2, a entrega do fármaco aumentou consideravelmente (p≤0,0001). Por fim, o efeito da DTIC em linhagens de células de melanoma (MeWO e WM) foi investigado após exposição do fármaco e do fármaco com aplicação da iontoforese, com incubação de 72 h. A aplicação da iontoforese nas culturas celulares apenas diminuiu a viabilidade celular na linhagem WM na concentração de 0,0125% de DTIC. A linhagem MeWo foi mais sensível ao tratamento, após aplicação de DTIC 0,00625%, apenas 25% de células viáveis foram calculadas em cada condição, enquanto 45%, foram calculadas na linhagem WM. Os valores de IC50 foram de 0,0032% e 0,0037%, sem e com corrente elétrica, na linhagem MeWo, e de 0,0079 e 0,0064% sem e com corrente elétrica, na linhagem WM. Assim, a aplicação da iontoforese como promotor de permeação é uma alternativa promissória para o desenvolvimento de uma formulação de aplicação tópica para tratamento de cânceres superficiais, essa opção terapêutica mais direcionada poderia, além de aumentar a biodisponibilidade do ativo, reduzir os efeitos adversos dessa terapia.