Efeitos da radiação ionizante nas células osteoblásticas: um estudo in vitro sobre a etiopatogenia da osteorradionecrose
Osteorradionecrose, In Vitro, Osteoblastos, Radiação Ionizante, Neoplasias de Cabeça e Pescoço
A osteorradionecrose é uma toxicidade tardia da radioterapia do câncer de cabeça e pescoço que é caracterizada por um osso exposto e necrótico em um local previamente irradiado. Muitas hipóteses foram propostas para elucidar a etiopatogênese desta condição, no entanto, o mecanismo preciso permanece pouco compreendido. Com base em modelos teóricos da patogênese da osteorradionecrose, este estudo in vitro teve como objetivo estudar os efeitos da radiação ionizante em osteoblastos humanos imortalizados (SaOS-2) e sua resposta celular em cocultura com fibroblastos gengivais. As células SaOS-2 foram expostas à radiação ionizante e avaliadas quanto à viabilidade celular, produção de óxido nítrico (NO), morfologia celular, cicatrização da ferida e expressão gênica relacionada à via PI3K-AKT-mTOR. Além disso, as células SaOS-2 foram cocultivadas com fibroblastos gengivais humanos usando membranas transwell e submetidas à mesma irradiação. As avaliações subsequentes incluíram viabilidade celular, mensuração de NO e análise da expressão gênica. Após 24 horas, a dose de 16 Grays reduziu a viabilidade celular em 40% e aumentou a produção de NO em 14%. Além disso, houve um aumento da área nuclear, um atraso no fechamento da ferida e uma tendência à regulação negativa de genes relacionados à via PI3K–AKT–mTOR. Em condições de cocultura, a dose de 16 Grays não afetou a viabilidade celular, mas aumentou a produção de NO e regulou positivamente os marcadores da via PI3K–AKT–mTOR. Os achados deste estudo demonstram que a irradiação ionizante exerce efeitos metabólicos e morfológicos nas células osteoblásticas, fornecendo percepções in vitro sobre a etiopatogenia da osteorradionecrose e um potencial modelo para abordagens terapêuticas