AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE BUCAL DE PACIENTES COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA
Osteogênese Imperfeita, Articulação Temporomandibular, Qualidade de Vida, Pamidronato
Algumas condições patológicas sistêmicas como as displasias esqueléticas podem ocasionar alterações craniofaciais com potencial prejuízo ao desenvolvimento da articulação temporomandibular (ATM) e ao funcionamento do sistema mastigatório. A Osteogênese imperfeita (OI) é uma displasia esquelética, considerada um grupo de desordens genéticas raras com grau variável de alterações congênitas do tecido conjuntivo resultando em fragilidade e deformidade óssea. São também relatadas alterações extra-esqueléticas que afetam o complexo crânio-facial como frouxidão ligamentar, hipotonia muscular, maloclusão e dentinogênese imperfeita nesses pacientes. Embora muitos pacientes com OI tenham comprometimento orofacial, não é frequente o relato de alterações na ATM e suas possíveis consequências funcionais, bem como seu impacto nos aspectos emocionais e comportamentais. Este trabalho teve dois objetivos: (1) avaliar a influência da OI e seu tratamento no desenvolvimento da ATM por meio da caracterização do trabeculado ósseo na região da cabeça da mandíbula; (2) avaliar o impacto das alterações orofaciais e severidade de OI no índice de Qualidade de Vida relacionada à Saúde Bucal (QVrSB) de pacientes. Para o primeiro objetivo foi realizada análise de dimensão fractal (DF) da região da cabeça da mandíbula em radiografias panorâmicas de 33 pacientes (2-17 anos) tratados com pamidronato dissódico e comparada com grupo controle de 99 indivíduos sem OI. Foram avaliados os efeitos da dose cumulativa de pamidronato, duração do tratamento e idade no início do tratamento nos resultados da DF, usando um modelo de regressão linear com efeitos mistos. Para o segundo objetivo, foi aplicado o questionário de QVrSB em crianças e adolecentes, versão brasileira do Child Perception Questionaire (CPQ) em um grupo de pacientes divididos por faixa etária de 8 a 10 ano e de 11 a 14 anos. Foi avaliada a relação entre o índice de QVrSB e seus domínio de avaliação, os tipos de OI e as alterações orofaciais presentes. A DF nos pacientes foi significativamente menor em comparação com adolescentes saudáveis (p <0,01). A DF média no grupo de estudo foi de 1,23 (± 0,15), e de 1,29, (±0,11) entre controles. Não houve diferença estatisticamente significante neste resultado independentemente do sexo. O tipo de OI, idade de início do tratamento e a duração da terapia foram variáveis que apresentaram efeito estatisticamente significativo na DF. O índice de QVrSB de pacientes entre 8 e 14 anos foi de 6,89 ± 6,59 e foi menor entre os pacientes com OI tipo III (5,9 ±5,47) do que em pacientes tipo IV (6,88 ± 8,77). O índice foi menor para crianças (6,59 ± 7,06) do que para adolescentes (7,4 ± 6,04). Este estudo demonstrou que a arquitetura óssea da cabeça da mandíbula pode estar alterada em pacientes pediátricos com formas moderadas e graves de OI. Além disso, o tratamento com pamidronato parece ter um efeito positivo no osso trabecular do côndilo nesses pacientes. Também demonstrou que a QVrSB foi semelhante em pacientes com OI moderada e grave, sendo os sintomas orais o domínio mais relevante para o índice entre os pacientes de 8 a 14 anos. A percepção de QVrSB entre adolescentes foi pior do que entre crianças.