Avaliação da fotobiomodulação no processo de reparo em modelo de mucosite oral: estudo in vitro
Mucosite oral; Modelo in vitro; Citocinas pró-inflamatórias; Laser de baixa potência; Fotobiomodulação.
A mucosite oral (MO) é a reação adversa mais comum da terapia radio-induzida na região de cabeça e pescoço. A Associação Multinacional de Cuidados de Suporte em Câncer e a Sociedade Internacional de Oncologia Oral (MASCC/ISOO) recomenda aplicações na mucosa oral da terapia de fotobiomodulação em pacientes realizando radioterapia de cabeça e pescoço, associada ou não à quimioterapia. A fotobiomodulação provou acelerar o reparo tecidual, reduzir a dor e a inflamação. Apesar de recomendado, os efeitos celulares do laser na mucosite oral ainda são pouco descritos e necessitam ser compreendidos. Assim, esse trabalho foi proposto para avaliar o efeito da fotobiomodulação com os diferentes parâmetros do laser de baixa potência na migração, proliferação e expressão gênica, usando um modelo de mucosite oral. O trabalho foi dividido em 2 estudos, apresentados na forma de manuscritos. O primeiro estudo teve como objetivo definir, por meio do ensaio de citotoxicidade MTT, a potência do laser que melhor atuou na viabilidade celular de fibroblastos, no modelo de mucosite oral, tratado com três estímulos: radiação ionizante, lipopolissacarídeo (LPS) de Escherichia coli e extrato de Porphyromonas gingivalis (Pg). A fotobiomodulação foi realizada em quatro sessões de 6 horas de intervalo, com 660 nm de comprimento de onda. Após 24h da última sessão de fotobiomodulação, os grupos tratados com 30 mW mantiveram a viabilidade celular quando selecionadas as densidades de energia de 2, 4 e 5 J/cm2. Nos grupos tratados com 40 mW, a viabilidade celular foi reduzida nas densidades de energia de 2, 3 e 5 J/cm2, com diferença significativa para 5 J/cm2 (p<0.0001). Selecionando as densidades de energia de 2, 4 e 5 J/cm2, com a potência de 30 mW e um maior tempo de exposição, mostrou maior viabilidade celular, quando comparado a mesma densidade de energia e potência de 40 mW. O segundo trabalho utilizou a potência de 30mW alterando as densidades de energia para avaliar expressão gênica por meio de RT q-PCR, tempo de fechamento de ferida, morfologia celular e expressão de α-SMA por imunofluorescência. As análises foram realizadas 24h após a aplicação dos estímulos. Os fibroblastos tratados com as densidades de energia de 3 e 4 J/cm2, e queratinócitos tratados com 5 J/cm2 mostraram melhores respostas na migração e proliferação. Densidades de energia de 3 e 5 J/cm2 apresentaram um aumento significativo na expressão dos genes da via PI3K/AKT/mTOR nos queratinócitos. Nos fibroblastos, a expressão gênica aumentou com 2 J/cm2. Nas citocinas inflamatórias (TNF-α, IL1β, IL6 e NFκB), apesar de observado uma tendência na modulação das duas linhagens celulares, apenas a expressão de IL1β teve aumento significativo em queratinócitos. A maior expressão de α-SMA foi observada com 3 J/cm2. Concluindo, o estudo mostrou que 660 nm, 30 mW foi capaz de estimular a migração e proliferação celular acelerando o reparo tecidual. A fotobiomodulação é considerada uma terapia promissora pela capacidade de modular vias envolvidas no reparo. Diferentes densidades de energia apresentam diferentes respostas. Entender o efeito de cada parâmetro do laser é fundamental para melhorar as estratégias de tratamento.