Epidemiological profile and molecular characterization of pediatric B-cell acute lymphoblastic leukemias and their impacts on clinical outcomes of patients treated in a Brazilian tertiary public hospital
Leucemia Linfoblástica Aguda; LLA Ph like; Doença residual Mínima; Marcadores Biológicos da LLA; Leucemia na Infância, NGS
INTRODUÇÃO : A sobrevida na Leucemia Linfóide Aguda (LLA) ultrapassa 90% nos países desenvolvidos. Em países em desenvolvimento, as taxas de sobrevida são inferiores, o que é atribuido à limitação de acesso ao diagnóstico e tratamento e à maior mortalidade por toxicidade. Mesmo sob condições ideais de assistência, existem subgrupos de pacientes com LLA B que não respondem ao tratamento ou apresentam recidiva. A caracterização genética e molecular de células leucêmicas, proporcionou melhor compreeensão dos mecanismos associados à gênese da LLA B e a identificação de novos subtipos de LLA B, abrindo possibilidade para o desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas. No Brasil, a caracterização da leucemia com metodologias de biologia molecular e sequenciamento genético ainda é restrita a alguns centros de pesquisa. Nesse contexto, surge a necessidade de uma determinação dos subtipos prevalentes e do seu comportamento biológico em pacientes brasileiros. OBJETIVOS: Identificação dos subtipos biológicos de LLA B em crianças e adolescentes do Brasil, descrição da frequência dos diferentes subtipos e correlação dos subtipos biológicos com taxas de resposta ao tratamento e evolução clínica. METODOLOGIA: Foram avaliadas 148 crianças com idade entre 1 e 18 anos, admitidos pelo serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital da Criança de Brasília com diagnóstico de LLA B no período de julho e 2018 a agosto de 2023. Os pacientes receberam tratamento segundo dois diferentes protocolos: ALL IC BFM 2009 modificado (122 pacientes) e GBTLI 2021 (26 pacientes). Para caracterização de subtipo biológico, foram realizados exames citogenético, RT-PCR, hibridização in situ (FISH), MLPA (Multiplex Ligation-dependent Amplification) e de sequenciamento de Nova Geração (NGS) (em andamento). Foi estudada a correlação entre os diferentes subtipos biológicos da LLA e evolução clínica, avaliada através da Doença Residual Mínima (DRM) durante e no fim da indução, ocorrência de recaída e taxas de sobrevida global (SG) e sobrevida livre de evento (SLE). RESULTADOS: As taxas de SG e SLE em 5 anos foram 85,7% e 78,2% respectivamente. Entre os pacientes tratados pelo protocolo BFM, as taxas de sobrevida global foram iguais a 100%, 85% e 66% para baixo, intermediário e alto risco. Infecções relacionadas à toxidade do tratamento foram a principal causa de óbito, especialmente durante a segunda fase de indução. A LLA ETV6/RUNX1 foi o subtipo biológico mais comum, seguido por alta hiperdiploidia. Alterações no IKZF1 apresentaram correlação com valores elevados de DRM nos diferentes momentos e com menores taxas de sobrevida. A presença de TCF3/PBX1 e iAmp21 não foram relacionadas com evolução desfavorável. CONCLUSÃO: As taxas de SG e SLE foram satisfatórias mas podem ser incrementadas através da redução da mortalidade associada ao tratamento. A maior frequência de algumas alterações (como hipodiploidia) e uma aparente evolução divergente do descrito em alguns subtipos de LLA B (iAmp21 e TCF3/PBX1) reforçam a importância de compreender o comportamento biológico da LLA B no Brasil. Faz-se necessário a realização de estudos com maior número de pacientes e a avaliação de fatores que possam estar associados à maior susceptibilidade aos efeitos tóxicos da quimioterápico.