Banca de QUALIFICAÇÃO: Ariane Bocaletto Frare

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Ariane Bocaletto Frare
DATA : 11/01/2024
HORA: 14:30
LOCAL: Plataforma Virtual - Microsoft Teams
TÍTULO:

Estudo dos efeitos da substituição hormonal estrogênica sobre a capacidade física de camundongos fêmeas cross-sex


PALAVRAS-CHAVES:

Mulher transgênero, mulher cisgênero, terapia hormonal cruzada, estrógeno, esporte


PÁGINAS: 100
RESUMO:

O indivíduo transgênero (trans), é aquele cuja identidade de gênero diferente daquele que corresponde ao seu sexo atribuído no momento do nascimento. Transgêneros femininos (mulheres trans) tiveram exposição à testosterona desde a vida fetal até o momento do início da reposição hormonal no processo transexualizador, o que tem levantado questionamentos em relação à participação desses indivíduos em competições esportivas femininas, se indivíduos transgêneros femininos, poderiam competir em igualdade de condições e exigências de desempenho físico em uma modalidade esportiva com mulheres cis-gênero, nascidas biologicamente femininas e não expostas a elevadas concentrações de testosterona ao longo da vida. Observa-se ainda carência de estudos que avaliem simultaneamente os efeitos da terapia hormonal transexualizadora com esteroides sexuais sobre a capacidade física de humanos e animais, sendo assim, o objetivo geral deste trabalho é investigar os efeitos do tratamento hormonal com estrogênio sobre a capacidade física de camundongos machos submetidos a tratamento de substituição transexualizador (fêmeas cross-sex), através do desenvolvimento de um modelo animal cross-sex feminino que permitirá avaliar os efeitos do protocolo de treinamento físico intervalado de alta intensidade sobre a capacidade física desses animais em comparação com camundongos machos e fêmeas cis. Para isso, 80 animais foram divididos em 8 grupos, sendo que 4 grupos receberam treinamento de alta intensidade (Hiit) na esteira e 4 grupos controle. Dividiu-se em dois grupos de fêmeas cis, dois grupos macho cis sem castração, dois grupos machos cis hipogonáticos, dois grupos fêmeas cross-sex que receberam reposição com estrogênio. Após 30 dias da castração, todos os animais foram submetidos à familiarização a esteira ergométrica. Após a fase de familiarização, foi realizado o teste incremental para estabelecer o maior valor de velocidade de corrida por animal, foram realizados 3 testes, para definir a velocidade máxima média por animal a ser utilizada no treinamento. A seguir, os camundongos foram submetidos a 8 semanas de treinamento intervalado (5xsemana). Após 4 e 8 semanas de treino, foi realizada uma nova avaliação da capacidade aeróbica. Todos os animais treinados apresentaram ganho de peso significativo ao longo das 8 semanas de treino. O estradiol plasmático foi aferido por ensaio imunoenzimático (kit ELISA, Abcam®), observou-se que a reposição com estradiol aumentou significativamente os níveis plasmáticos de estradiol nos animais cross-sex (Médias de aferições 164,6+ 33,13) quando comparado ao controle fêmea (Media 52,28 + 4,89 picog/mL) (p<0,003) e aos animais macho no período basal antes da castração (48,78 + 5,79 picog/mL, p<0,02). Interessante registrar que ao longo do treinamento observamos que o treinamento físico diminuiu significativamente a concentração de estradiol na 8a semana de treino (Familiarização 172,6 + 30,95 ; 4asemana 236,7 +31,32; 8a semana 164,6 + 33,13 ; p<0,05). Com relação a capacidade física, como era de se esperar, os animais cis (machos e fêmeas) aumentaram sua capacidade física progressivamente ao longo das 8 semanas de treino (Delta fêmea-cis 108% - basal 588,55 m+ ; 4a semana 915,51 m e 8a semana 1223,25m; Delta macho 128% = cis basal 509,58m, 4a semana 729,1m; 8a semana 1.161,66m). Ao contrário do esperado, os animais fêmeas Crox-sex apresentaram um discreto aumento da capacidade física quando comparado aos animais cis gênero (Delta fêmea - cros-sex 58,8% basal 474,37m; 4a semana 600m; 8a semana 752,25 m). Na medida do consumo de oxigênio estimulado pela adição de ADP , é possível observar que a castração com a reposição de estradiol proporcionou aumento estatístico significativa no consumo de oxigênio do grupo fêmeas cross-sex sedentário em relação aos grupos macho hipogonádicos sedentários (p=0,024) ou submetidos ao exercício (p=0,002) e também maior que as fêmeas cross-sex (p=0,001) submetidas ao exercício. De modo geral, os resultados apresentados nesse estudo fornecem evidências adicionais para comparação da capacidade física dos camundongos fêmeas cross-sex com fêmeas e machos cis, possibilitando trazer novos subsídios para revisão de paradigmas fisiológicos relacionados ao dismorfismo sexual do ponto de vista funcional. A extrapolação dos dados para seres humanos deverá ser cuidadosa, diante da maior complexidade sócio-cultural, comportamental e neural da espécie, porém os dados gerados poderão contribuir significativamente para direcionar o desenho de ensaios clínicos, principalmente no que diz respeito à capacidade física no contexto da terapia cross-sex e vias moleculares relacionadas, cuja análise é restrita em seres humanos devido às limitações éticas.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 3320778 - ALEXANDRE DE GOES MARTINI - nullInterna - 2329402 - ANGELICA AMORIM AMATO
Interno - ***.580.591-** - FRANCISCO DE ASSIS ROCHA NEVES - UNIFESP
Externo à Instituição - SIDNEY ALCANTARA PEREIRA - HMS
Notícia cadastrada em: 11/01/2024 14:03
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