Avaliação dos efeitos antiparkinsonianos (sinais motores e não motores) e da segurança do peptídeo nanoencapsulado Fraternina-10 em um modelo experimental da Doença de Parkinson
Sinais não motores, Doença de Parkinson, 6-OHDA, peptídeo, toxicidade
“ A Doença de Parkinson (DP) é uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes no mundo, afetando aproximadamente 10 milhões de pessoas. Caracteriza-se principalmente pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos na substantia nigra, resultando em sinais motores clássicos, como bradicinesia, tremor de repouso, rigidez muscular e instabilidade postural. Além dos sinais motores, a DP também envolve diversos sinais não motores, incluindo disfunções gastrointestinais, distúrbios do sono, déficits cognitivos, ansiedade e depressão, os quais impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes, embora sejam frequentemente negligenciados nos protocolos terapêuticos atuais. A Fraternina-10, um peptídeo com potencial terapêutico para a DP, apresentou limitações devido à sua toxicidade em doses eficazes, além da ausência de estudos que avaliem seu efeito sobre os sinais não motores da doença. A nanotecnologia surge como uma estratégia promissora para superar esses desafios, uma vez que a encapsulação do peptídeo em nanopartículas pode reduzir sua toxicidade e melhorar sua biodisponibilidade. Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da Fraternina-10 nanoencapsulada (NF-10) em um modelo experimental de DP que contempla sinais motores e não motores, induzido pela neurotoxina 6-hidroxidopamina (6-OHDA). A nanopartícula desenvolvida demonstrou estabilidade em suas características físico-químicas por até 120 dias. Foram avaliadas três doses de NF-10 (20, 10 e 5 µg/animal) e três doses do peptídeo na forma livre, utilizando protocolo de toxicidade de dose única, conforme diretrizes da ANVISA. Aspectos motores e comportamentais foram analisados por meio dos testes de campo aberto e cilindro rotatório. Além disso, a massa corporal e a análise histológica dos órgãos foram realizadas, não sendo observadas alterações histológicas entre os grupos. Para a avaliação dos sinais não motores, foram testadas duas doses de 6-OHDA (40 e 30 µg/animal), sendo escolhida a dose de 30 µg/animal por induzir comportamento ansioso significativo no teste de labirinto em cruz elevado (LCE). Na etapa terapêutica, os animais foram submetidos ao LCE (ansiedade), ao teste de campo aberto (parâmetros motores e comportamentais) e ao teste de reconhecimento de objeto novo (TRON) para análise da memória de longo prazo. Foram formados três grupos experimentais: veículo, 6-OHDA (30 µg/animal) e NF-10 (10 µg/animal). O grupo tratado com NF-10 apresentou melhora significativa nos comportamentos ansiosos em comparação ao grupo 6-OHDA no LCE. No entanto, não foram observadas melhorias nos parâmetros motores no teste de campo aberto. No TRON, o grupo 6-OHDA apresentou déficit de memória em relação ao grupo veículo, e o tratamento com NF-10 não foi capaz de reverter esse comprometimento. Os resultados indicam que a nanoformulação NF-10 é segura, não apresentando toxicidade na dose testada, e promove efeito ansiolítico em modelo experimental de DP, embora não exerça impacto sobre os déficits e cognitivos induzidos pela 6-OHDA.”