Efeito da ansiedade sobre formação e manutenção de classes de equivalência e transferência de função
ansiedade; emoção; controle de estímulos; equivalência de estímulos; transferência de função
Resumo: Embora a ansiedade seja adaptativa, pode adquirir caráter de queixa clínica a depender da intensidade e duração dos sintomas. O Brasil apresenta o maior número de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo. Autores analistas do comportamento propõem o estudo da ansiedade a partir do paradigma da equivalência de estímulos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a formação e manutenção de classes de equivalência e de transferência de função entre estímulos em população com e sem sintomas de ansiedade a partir de uma replicação sistemática de Zapparoli (2021). Todos os participantes responderam à Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21). Depois disso, 48 pessoas que relataram sintomas de ansiedade foram alocadas nos grupos Experimental 1 (GE1) (n 25) e Controle 1 (GC1) (n 23) e 34 pessoas que não relataram sintomas de ansiedade, alocadas no Experimental 2 (GE2) (n 17) e Controle 2 (GC2) (n 17). Os GE1 e 2 passaram por um procedimento para formação de três classes de equivalência com quatro membros cada. Os estímulos A eram fotografias de faces de medo (Classe 1), felicidade (Classe 2) e neutralidade (Classe 3), e os outros conjuntos de estímulos eram figuras abstratas (B, C e D). Depois, avaliaram os estímulos D no diferencial semântico e responderam a um IRAP contendo estímulos D das classes de medo e felicidade e adjetivos do diferencial semântico. O grupo controle avaliou estímulos A e D no diferencial semântico. Ao fim do procedimento todos receberam um material psicoeducativo sobre os transtornos de ansiedade. 56% dos participantes do GE1 e 88,24% dos participantes do GE2 formaram classes de equivalência. Resultados do diferencial semântico mostraram que houve melhor transferência de função para a classe de felicidade para os GE 1 e 2, e a transferência de função da classe de medo foi melhor para o GE2 do que para o GE1. Dados do IRAP mostraram um efeito significativo no responder relacional para os dois tipos de tentativas relacionadas aos estímulos abstratos da classe de felicidade para GE1 e para os dois tipos de tentativa com os adjetivos positivos para o GE2. A classe de felicidade manteve-se mais estável do que as outras classes para o GE1. A manutenção da transferência de função da classe de felicidade foi melhor do que das outras classes para ambos os grupos. Para a classe de medo, a manutenção da transferência de função parece ter sido melhor do que para o GE2 do que para o GE1. Este trabalho indicou que pessoas com ansiedade apresentaram maior dificuldade para formação de classes de equivalência e que a classe de felicidade apresentaram melhor transferência de função. A estabilidade dessa classe também parece ser melhor para o GE1 em comparação às outras classes. Este trabalho replicou e estendeu a literatura sobre transferência de função para população com sintomas de ansiedade.