Avaliação do papel da iontoforese na eficácia de tratamentos endodônticos
Iontoforese, endodontia, Enterococcus faecalis, biofilme.
O tratamento endodôntico atual apresenta-se de forma desafiadora, pela permanência dos microrganismos em localidades anatômicas inacessíveis aos instrumentos e medicamentos utilizados durante o tratamento convencional, como túbulos dentinários, istmos e outras irregularidades e, mesmo com a utilização de tecnologias de irrigação, os casos de insucesso da terapia permanecem, causando dor no paciente e sendo necessário o retratamento endodôntico. Portanto, a implementação de uma nova tecnologia que aumente a penetração e distribuição de fármacos antimicrobianos nas irregularidades do espaço endodôntico é de fundamental importância. A iontoforese é uma técnica não invasiva que se baseia na aplicação de uma corrente elétrica moderada para aumentar a liberação de fármacos, carregados ou não, através de membranas biológicas. O digluconato de clorexidina é uma bis-guanida catiônica sintética amplamente utilizada na desinfecção do canal radicular e apresenta boa atividade contra bactérias grampositivas e gram-negativas fungos e vírus, além de apresentar características físico-químicas favoráveis a aplicação de iontoforese, assim como o brometo de domifeno, que é um composto de amônio quaternário, com ação antimicrobiana e antibiofilme de amplo espectro em baixas concentrações. Uma prova de conceito em dentes bovinos com corante azul de metileno para avaliar o potencial da iontoforese na distribuição radial do corante nos canais radiculares e túbulos dentinários foi desenvolvida. Eletrodos de prata e cloreto de prata, aço inoxidável e níquel-titânio foram utilizados para esses experimentos. Houve diferença estatística significativa entre as aplicações passiva e iontoforética a 0.5mA e 1.5mA por 5min e 15min. Testes para avaliar a resistência elétrica dos dentes humanos também foram realizados. Além disso, ensaio de concentração inibitória mínima (CIM) do digluconato de clorexidina e do brometo de domifeno contra Enterococcus faecalis foi realizado em comparação ao hipoclorito de sódio 2,5%, “padrão ouro” na endodontia. Suas respectivas CIM foram de 1,22µg/mL, 0,61µg/mL e 781,25µg/mL. A partir dos ensaios de CIM, a ação in vitro passiva e iontoforética dos fármacos foi avaliada através de uma nova metodologia desenvolvida, onde há separação dos microrganismos do meio de cultura que contém o fármaco, para que haja ação apenas durante 15 min para posterior avaliação da viabilidade celular com resazurina. Os presentes resultados até o momento, demonstram que a iontoforese apresenta-se de forma promissora na endodontia.