Banca de QUALIFICAÇÃO: Nadyellem Graciano da Silva

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Nadyellem Graciano da Silva
DATA : 28/02/2023
HORA: 09:00
LOCAL: A definir
TÍTULO:

MODULAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL EM PERÍODOS CRÍTICOS DO DESENVOLVIMENTO E SEUS EFEITOS SOBRE A HOMEOSTASE METABÓLICA

PALAVRAS-CHAVES:

obesidade; microbiota; intestinal.

PÁGINAS: 100
RESUMO:

A obesidade é um problema crescente de saúde definida como um distúrbio metabólico crônico, e com implicações clínicas relevantes, que podem afetar o bem-estar e a qualidade de vida da população. O aumento da massa gordurosa está relacionado com diversos mecanismos, podendo ser a disbiose intestinal um desses fatores. A microbiota intestinal refere-se a microorganismos que residem no trato gastrointestinal e alteração da sua composição está envolvida em diversos processos fisiopatológicos, incluindo a regulação da homeostase metabólica e resposta inflamatória, dois importantes componentes da fisiopatologia da obesidade. Desta forma, questiona-se se a alteração da microbiota intestinal em idade pré-natal é capaz de influenciar o ganho de peso na vida adulta, em diferentes cenários de alimentação, normo ou hiperlipídica. Para tanto, investigamos o efeito da modulação da microbiota intestinal, por tratamento com antibióticos não-absorvíveis, em camundongos C57BL/6 com idade pré-natal, sobre desfechos metabólicos na prole alimentadas com dieta hiperlipídica ou normolipídica após o nascimento. Na realização do experimento, utilizamos camundongos C57Bl/6 considerados como matrizes ou geração parental (P), sendo 8 machos e 15 fêmeas, provenientes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), que chegaram com 35 dias de vida e passaram por um período de adaptação. Os animais foram alimentados com dieta controle AIN-93G fornecidas na forma de pellet. Semanalmente foi avaliado o peso corporal, consumo de dieta e ingestão hídrica. O acasalamento se deu aos 70 dias de idade e as fêmeas foram divididas em 3 grupos com 5 animais cada, após a detecção da fase embrionária que se deu pela identificação do tampão vaginal. Uma vez por semana, também foi coletada amostra de fezes para quantificação bacteriana. Entre o 9º e o 20º dia de gestação, os grupos foram tratados com os compostos na água de beber, sendo o grupo 1, o grupo controle (sem tratamento); o grupo 2 tratado com vancomicina; e o grupo 3 tratado com neomicina. Após o nascimento, a prole (geração F) foi pesada. A sexagem e o desmame ocorreu na 3ª semana de vida, metade das fêmeas e metade dos machos foi alimentada com dieta normolipídica e a outra metade, com dieta hiperlipídica. Semanalmente, foram realizadas avaliações do peso corporal, consumo alimentar e ingestão hídrica dos animais e, a partir da 12ª semana, foi avaliada a glicemia de jejum. Entre a 13ª e a 14ª semanas de vida, 6 animais de cada um dos quatro grupos descritos foram aleatoriamente selecionados e submetidos ao teste de tolerância à glicose e ao teste de tolerância à insulina. Entre a 15ª e a 16ª semana, 6 animais de cada um dos quatro grupos descritos acima foram aleatoriamente selecionados (por sorteio) e submetidos ao teste de tolerância à insulina. Os animais da geração F0 foram eutanasiados depois do desmame da prole. Os animais da geração F1 foram eutanasiados na 20ª semana, o sangue do tronco foi coletado para a realização das análises bioquímicas e os tecidos interescapular, tecido adiposos inguinal, epididimal nos machos e parametrial nas fêmeas, retroperitoneal, mesentérico e perirrenal, além do fígado, foram coletados e armazenados in vitro para a realização de expressão gênica e análise histológica. Os dados gerados indicam que o tratamento com antibióticos não absorvíveis não influenciou o ganho de peso, da geração F0, durante a gestação. Já na geração F1, as fêmeas cujas mães foram tratadas com antibióticos, e que os foram alimentadas com dieta hiperlipídica, demonstraram um ganho de peso menor quando comparadas com as fêmeas que foram tratadas com controle e a geração F1 alimentada com dieta hiperlipídica. Já para os machos da geração F1, independente das mães terem sido tratadas com antibiótico ou controle, não apresentaram diferença significativa do ganho de peso. O resultado obtido do teste de tolerância oral à glicose, foi bem compatível com a curva do ganho de peso, uma vez que as fêmeas em que as mães foram tratadas com antibiótico, e que durante sua vida foram alimentadas com dieta hiperlipídica, apresentaram valores mais baixos de glicose durante o teste. Já nos machos, apesar de não ter sido observado diferença no ganho de peso nos filhotes cujas mães foram tratadas com antibióticos ou controle, no teste de tolerância à glicose houve uma melhora dos níveis glicêmicos nos animais alimentados com dieta hiperlipídica em que as mães foram tratadas com antibióticos durante a gestação. Com relação à composição da microbiota intestinal dos animais da geração F0, houve uma diminuição significativa da composição da microbiota das fêmeas tratadas com antibiótico, em relação às fêmeas tratadas com controle durante a gestação. Na distribuição dos filos, no 9º dia houve uma abundância significativa das proteobactérias, com redução dos firmicutes e também dos bacterioidetes. Na prole, ou seja, na geração F1, o que se observa é que não houve uma alteração na contagem total das bactérias. Em relação à distribuição relativa dos filos, observou-se uma diminuição das proteobactérias, nos animais alimentados com dieta hiperlipídica e um aumento bastante significativos dos firmicutes com praticamente o desaparecimento dos bacterioidetes. Estes dados sugerem que mudanças na composição da microbiota intestinal, em filhotes cujas mães foram tratadas com antibiótico, podem estar relacionados no controle da homeostase metabólica, principalmente relacionada à dieta hiperlipídica.

MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - ANDREZA FABRO DE BEM - UnB
Interna - 2329402 - ANGELICA AMORIM AMATO
Externa à Instituição - CAROLINE LOURENCO DE LIMA - UnB
Externa à Instituição - FERNANDA CERQUEIRA BARRÔSO OLIVEIRA - ESTÁCIO