AVALIAÇÃO DE PROCESSOS EM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS SOB A ÓTICA DA SEGURANÇA DO PACIENTE
Segurança do Paciente; Eventos adversos; Medicina Laboratorial
Introdução: A segurança do paciente pode ser definida, como a redução ao mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associados à assistência à saúde. A realização de exames acontece num ambiente complexo, onde existem procedimentos e equipamentos, sobretudo conhecimento humano, de modo a garantir bons resultados que orientem nas decisões de diagnósticos e terapêuticas. A existência de elevadas taxas de erros inaceitáveis o que resulta em diagnósticos errados, inapropriados e perdidos. Apesar de todas as medidas que podem ser tomadas para mitigar os riscos à segurança do paciente, precisamos estar alertas e desenhar um sistema de qualidade que permita a identificação rápida das ocorrências e sua comunicação imediata, reduzindo o impacto à saúde dos pacientes. Objetivo: Avaliar processos das fases pré-analítica, analítica e pósanalítica, em laboratório de análises clínicas, sob a ótica da segurança do paciente. Método: Tratase de um estudo descritivo exploratório, observacional, com abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu no Laboratório de Análises Clínicas em um hospital militar do Distrito Federal, em um formulário semiestruturado para cada uma das fases: Resultados: O estudo foi realizado a partir da análise de dados de 378 pacientes, equivalente a apreciação de 3.000 mil exames laboratoriais. Na fase pré-analítica, 57% dos exames foram realizados sem a identificação do paciente, em 50% das vezes os tubos de coleta não foram colocados na ordem correta, em 88% das vezes o tempo de estase venosa foi prolongado e em 75% tempo entre a coleta e a centrifugação respeitou o tempo de coagulação do sangue. Na fase analítica, houve falha no equipamento em 21% das vezes, em 13% os controles não estavam em conformidade, houve troca de lote de reagente em 16%, em 8% houve troca de lote de controle e 10% houve troca de lote de calibrador. Na fase pós-analítica houve falha na interface na transcrição do laudo em 18%, em 5,9% houve instabilidade no sistema de informação laboratorial. O tempo de liberação do resultado está inadequado em 17%. Discussão: A segurança do paciente é prioridade global de saúde pública segundo a Organização Mundial de Saúde. No contexto dos exames laboratoriais, utilizados para diagnóstico, é fundamental que os processos sejam confiáveis, a fim de que balizem toda a tomada de decisão acerca da saúde das pessoas. No hospital de estudo, percebeu-se falhas importantes como na identificação dos pacientes, meta número 1 de segurança do paciente. Ademais, embora os processos das fases analítica e pós-analítica terem menos erros, as falhas na fase pré-analítica comprometem todo o restante. O hospital carece de implementação de processos de gestão da qualidade, a fim de realizar continuamente as melhorias necessárias. Conclusão: Trata-se de estudo necessário para ampliar o conhecimento acerca do processo de diagnóstico em medicina laboratorial, que demonstrou ser um processo falho no hospital de estudo. Sugere-se estudo multicêntrico para conhecer a realidade no Brasil.