COMUNICAÇÕES SOBRE TRATAMENTOS CONTRA O CÂNCER NO BRASIL: O QUE HÁ NA MÍDIA E O QUE PROMETEM?
tratamento do câncer, desinformação em saúde, automedicação, oncologia, redes sociais
O impacto das redes sociais na saúde pública é permeado por desafios, principalmente devido a disseminação de desinformação. Objetivo: analisar as comunicações sobre tratamentos oncológicos veiculadas em diferentes mídias no Brasil, com foco em identificar padrões de conformidade regulatória e possíveis desinformações. Método: estudo foi realizado em um recorte temporal de 24 horas, no dia 8 de dezembro de 2023, abrangendo mídias tradicionais (televisão aberta) e plataformas digitais (Instagram, TikTok, Facebook e X-Twitter). Utilizando um desenho descritivo e observacional, a pesquisa coletou 98 comunicações que mencionavam direta ou indiretamente tratamentos oncológicos, com base em palavras-chave predefinidas, como “tratamento”, “cura”, “remissão” e “milagroso”. Os dados foram extraídos por uma equipe de pesquisadores que monitoraram continuamente as mídias selecionadas, garantindo a coleta sistemática de informações, como substâncias mencionadas, registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, slogans e promessas associadas. Os resultados demonstraram que 99% das comunicações ocorreram nas redes sociais, enquanto apenas uma pequena parcela foi encontrada na televisão aberta. A análise revelou que a maioria das publicações nas redes sociais carece de respaldo científico e não possui registro regulatório, configurando risco potencial de desinformação. Além disso, promessas infundadas, como “cura garantida”, foram frequentes, destacando a necessidade de maior controle sobre as informações disseminadas nessas plataformas. A discussão ressaltou que, embora as legislações vigentes no Brasil, como a RDC 96/08, tenham estabelecido diretrizes para a propaganda de medicamentos em mídias tradicionais, essas regulamentações não se aplicam plenamente ao ambiente digital. Foi identificado que maior parte das comunicações encontradas nas redes sociais não segue padrões de segurança, pois são publicadas sem comprovações científicas e sem registro na respectiva agência reguladora. Nesse contexto, o estudo destacou a urgência de atualizar e expandir as legislações para abarcar as redes sociais, considerando o impacto significativo que essas plataformas têm na formação de opinião e na busca por informações de saúde. Conclui-se que, diante do avanço das terapias oncológicas, como a medicina personalizada e as terapias-alvo, é essencial promover uma comunicação responsável e fundamentada cientificamente para prevenir os riscos associados à automedicação e à desinformação. Este estudo contribui para a compreensão do cenário atual das comunicações sobre tratamentos oncológicos no Brasil e reforça a importância de estratégias regulatórias adaptadas à era digital