Desenvolvimento de filmes bioadesivos carregados com curcumina como alternativa para o tratamento tópico de tumores orais e cutâneos
câncer, filme mucoadesivo, pele, quitosana
A curcumina (CUR) é uma substância de origem natural encontrada no rizoma da Curcuma longa que tem sido proposta para o tratamento de vários carcinomas. No entanto, a CUR apresenta algumas desvantagens relacionadas à sua farmacocinética, principalmente devido à baixa solubilidade aquosa e sensibilidade ao pH fisiológico. Assim, no caso de tumores superficiais, como câncer oral e melanomas, seu uso tópico seria uma alternativa promissora tanto para garantir uma biodisponibilidade adequada quanto para reduzir efeitos colaterais tóxicos relativos ao seu uso sistêmico. O presente estudo propõe o desenvolvimento de filmes bioadesivos contendo CUR como uma alternativa para o tratamento tópico de tumores de pele e oral, para garantir uma alta absorção do fármaco no local de aplicação. Primeiramente desenvolveu-se um método analítico por cromatografia líquida de alta eficiência capaz de recuperar e quantificar a CUR a partir da pele e mucosa oral. O método foi capaz de recuperar a CUR das referidas matrizes biológicas e provou ser adequado considerando todos os parâmetros de validação avaliados. Então, foram desenvolvidos três filmes contendo quitosana, álcool polivinílico, polocamer 407® e propilenoglicol (FA-5, FC-5 e FD-5) por evaporação de solventes, que foram caracterizados quanto a aspecto, peso, espessura, resistência à dobradura, pH, teor de CUR, índice de intumescimento, força de ruptura, mucoadesividade e morfologia. Os filmes apresentaram aspecto liso, foram flexíveis, livres de bolhas, rachaduras ou precipitados, com uniformidade de peso e espessura. Apresentam pH compatível com os locais de aplicação (de 5,2 a 5,5), foram resistentes à dobradura e o doseamento ficou bem próximo à concentração inicialmente adicionada de 62 µg/cm2 de CUR. Apresentaram resistência à tração e intumescimento necessários para garantir mucoadesividade e liberação do fármaco. A análise morfológica reforçou a formação da estrutura compatível com o sistema proposto e ainda elucidou pequenas diferenças entre as formulações. A liberação do fármaco em meio fisiológico foi determinada in vitro durante 24 h. Todas os filmes controlaram a liberação nas primeiras 8 h. Os estudos de penetração in vitro mostraram que todos os filmes desenvolvidos aumentaram significativamente (p<0,05) a penetração do CUR na mucosa (15,9 e 9 µg/cm2 , para os filmes FA-5, FC-5 e FD5, respectivamente) em comparação ao controle contendo CUR em solução, que não penetrou a mucosa em quantidades quantificáveis. Em relação à pele, o filme FA-5 promoveu penetração de 2 µg/cm2 tanto no estrato córneo, quanto na pele remanescente. Assim, os filmes desenvolvidos devem representar uma alternativa promissora para o tratamento tópico de tumores orais e cutâneos utilizando a CUR.