Efeito dos inibidores do co-transportador de sódio-glicose do tipo 2 sobre a diferenciação adipocitária de células do estroma vascular do tecido adiposo humano
células do estroma vascular do tecido adiposo subcutâneo humano; inibidores do co-transportador de sódio e glicose tipo 2; canafliglozina, dapagliflozina, empagliflozina; adipogênese.
Os inibidores do co-transportador de sódio e glicose tipo 2 (SGLT2i) são medicamentos utilizados para o tratamento da hiperglicemia no diabetes mellitus tipo 2 e reduzem a glicemia por inibir a reabsorção renal de glicose e, assim, aumentarem a excreção urinária de glicose. Dados de estudos observacionais indicam que o tratamento com esses fármacos está associado a perda de massa óssea e o aumento do risco de fraturas. Os mecanismos potencialmente implicados nessa associação ainda não foram explorados e não está definido se representam uma reação adversa dessa classe de medicamentos. Os mecanismos plausíveis para explicar o aumento do risco de fraturas em associação com uso dessas drogas estão relacionados ao seu efeito glicosúrico sobre a célula tubular renal, incluindo perda de peso, que pode impactar negativamente a massa óssea e hipotensão ortostática, que aumenta o risco de quedas. Entretanto, a ação direta desses fármacos em alguns tipos celulares extra-renais também é possível, uma vez que estudos em modelos celulares indicam que eles modificam diversos aspectos da fisiologia de células endoteliais, miócitos e fibroblastos. Esses tipos celulares, interessantemente, apresentam baixa expressão do SGLT2, sugerindo que outros alvos moleculares estejam envolvidos. Alguns estudos envolvendo modelos celulares indicaram que os SGLT2i podem influenciar o metabolismo lipídico e a função mitocondrial em fibroblastos e linhagens celulares tumorais. Entretanto, não se explorou, até o momento, o impacto desses fármacos sobre a diferenciação de adipócitos, um processo fisiológico intimamente relacionado ao metabolismo lipídico e atividade mitocondrial. A investigação dessa associação poderia contribuir para compreender melhor o aumento do risco de fraturas em associação com os SGLT2i, tendo em vista os precursores comuns entre os adipócitos e os osteoblastos, e as evidências prévias de que fármacos que direcionam o precursor para diferenciação preferencial em adipócitos comprometem a massa óssea por diminuir a diferenciação de osteoblastos. Dessa forma, esse projeto buscou investigar o efeito dos SGLT2i, canafliglozina, dapagliflozina e empagliflozina, sobre a diferenciação de células do estroma vascular do tecido adiposo subcutâneo humano em adipócitos. Os resultados mostraram que as células primárias derivadas do estroma vascular, quando tratadas com os SGTL2i, não apresentam aumento significativo na diferenciação celular em adipócitos, sugerindo que as alterações observadas na massa óssea de pacientes em uso desses fármacos podem não estar relacionadas com a adipogênese.