COMUNICAÇÕES SOBRE TRATAMENTOS CONTRA O CÂNCER NO BRASIL: O QUE HÁ NA MÍDIA E O QUE PROMETEM?
tratamento do câncer, desinformação em saúde, automedicação, oncologia, redes sociais
Os tratamentos do câncer têm avançado significativamente nas últimas décadas, com a quimioterapia desempenhando um papel fundamental. Concomitante a esse cenário de evolução dos tratamentos o envelhecimento da população e o consequente aumento do número de casos de câncer, a internet e as redes sociais transformaram a forma como os pacientes buscam informações, mas também facilitaram a disseminação de desinformação, que podem ter graves consequências. A automedicação, incentivada por informações incorretas, representa riscos adicionais. Regulamentações, como a RDC 96/08 no Brasil, visam controlar a propaganda de medicamentos, mas não prevê o uso das redes sociais. Pelo exposto, o objetivo deste estudo foi identificar as comunicações sobre tratamentos contra o câncer em redes sociais. O presente estudo é transversal, no qual realizou-se o levantamento de informações acerca de tratamentos contra o câncer durante 24 horas ininterruptas (Dia D) nos canais de televisão aberta e nas principais redes sociais do Brasil (Instagram, TikTok, X, Facebook). Foi constatado que 98% das comunicações acerca do assunto estão nas redes sociais e não na televisão, pois a televisão por ser um meio mais antigo já possui legislações vigentes para controle. Com a análise, foi identificado que maior parte das comunicações encontradas nas redes sociais não segue padrões de segurança, pois são publicadas sem comprovações científicas, especialmente sobre produtos que não possuem registro na Anvisa. Além disso, 44,4% se tratavam de desinformações, ou seja, informações incorretas que prejudicam o conhecimento em saúde, a maior parte foi encontrada no Facebook (n=57, 58,76%). Dentre as promessas, a maioria foram de prevenção e cura do câncer, sem embasamento científico, tais como ozonoterapia, cannabis, chás de plantas medicinais, sucos e shots anti-inflamatórios. Alimentos também foram objeto de comunicações sobre cura e prevenção do câncer. Diante do resultado, verifica-se que a TV aberta, por ser regulamentada, não foi objeto de desinformação. Faz-se necessário regulamentar as redes sociais, seja para propaganda de medicamentos, seja para o combate à desinformação.