Associação entre o microbioma oral e intestinal, e o impacto sobre a saúde sistêmica
“Diabetes mellitus; diabetes mellitus tipo 2; hipertensão arterial; obesidade; sobrepeso; câncer colorretal; doença intestinal; microbioma oral; microbioma intestinal; eixo microbioma oral-intestino; disbiose; revisão de escopo”
“As comunidades microbianas desempenham papéis importantes nos ecossistemas dos hospedeiros que habitam. Elas contribuem para a manutenção geral das funções vitais, desenvolvimento e nutrição, além de protegem contra inúmeras bactérias, vírus ou fungos, que podem desencadear diversos distúrbios de saúde nos indivíduos. Atualmente, muito se tem estudado sobre bactérias orais sendo encontradas em outros órgãos e sistemas, o que pode ocorrer por meio da via hematogênica ou pela dissipação de microrganismos através da deglutição da saliva, levantando a hipótese de que os microbiomas podem circular por todo o corpo, causando não apenas alterações orais, mas também desencadeando ou agravando doenças sistêmicas, como diabetes mellitus (DM), obesidade (OB), hipertensão (HT) e outras doenças não transmissíveis. O microbioma oral pode então atuar como um reservatório para patógenos, contribuindo ou exacerbando alguns distúrbios. Por outro lado, condições sistêmicas podem alterar a resposta do corpo - exacerbando o sistema imunológico - refletindo na composição do bioma oral. Uma melhor compreensão da disbiose oral associada ao desenvolvimento ou progressão de doenças não transmissíveis pode não apenas ajudar a elucidar a interação dos patógenos orais com condições sistêmicas, mas também identificar possíveis biomarcadores para diagnóstico precoce e prevenção. OBJETIVO: O presente estudo é composto por duas revisões de escopo. A primeira, já concluída, visa mapear a literatura sobre alterações do microbioma oral em indivíduos com DM tipo 2 (DM2), OB ou HT em comparação com aqueles sem essas condições. A segunda, ainda na fase de protocolo, investigará o que já se sabe sobre a translocação bacteriana no eixo cavidade oral-intestino e seu potencial impacto no desenvolvimento ou agravamento de doenças sistêmicas. MÉTODOS: Ambas as revisões são orientadas pelo Manual JBI para Síntese de Evidências e relatadas de acordo com a extensão PRISMA para revisões de escopo (PRISMA-ScR). Uma estratégia de busca foi desenvolvida e adaptada para cinco bases de dados (Embase, LILACS, PubMed, Scopus e Web of Science) e para a literatura cinzenta (Google Scholar e ProQuest Dissertation and Thesis). Dois revisores são responsáveis pela seleção dos estudos, baseada nos critérios de inclusão. Dados importantes dos artigos, previamente determinados pelo grupo de pesquisa, são analisados e comparados. Na primeira revisão, o objetivo foi avaliar filo e gêneros significativamente alterados. O protocolo para a segunda revisão já foi publicado no Open Science Framework (OSF) sob o número DOI 10.17605/OSF.IO/XJ4Y2. RESULTADOS: Para a primeira revisão, 1.452 registros foram selecionados nas bases de dados supracitadas, 86 na literatura cinzenta e 7 nas listas de referências. Após o processo de triagem, 50 registros foram incluídos: 28 relacionados a indivíduos com DM2, 12 relacionados à OB e 8 para HT. Dois estudos abordaram síndromes metabólicas. A maioria dos estudos analisa o microbioma oral da saliva através do sequenciamento genético da região 16S do rRNA. Para a segunda revisão, a estratégia de busca está sendo refinada. CONCLUSÃO: A nível de filo, Fusobacteria foi enriquecida em ≥3 estudos com pessoas portadoras de DM2. O enriquecimento de Firmicutes foi associado ao DM2 e à OB. Gêneros enriquecidos em DM2 compreenderam Catonella, Leptotrichia, Prevotella e Rothia. Na OB, Aggregatibacter e Prevotella. Nenhum microrganismo foi significativamente relevante para HT. Para a segunda revisão, ainda não há conclusão disponível."