(Re)Significando a Vulnerabilidade no Campo: diálogos entre Saúde Bucal e processos participativos como dispositivo de reflexão
“Vulnerabilidade e Saúde; População rural; Escolares; Saúde bucal coletiva; Educação em saúde.”
“A discussão sobre vulnerabilidade em saúde no contexto das populações do campo demanda a consideração de fatores históricos, sociais e culturais que estruturam desigualdades e limitam o acesso a direitos fundamentais. Inseridas em territórios marcados por precariedades institucionais e por invisibilidades políticas, essas populações enfrentam múltiplos desafios que repercutem nas formas de cuidar e ser cuidado. Este estudo teve como objetivo analisar como práticas educativas que articulam participação, linguagem e sensibilidade territorial podem contribuir para o fortalecimento do cuidado em saúde bucal junto a grupos socialmente vulnerabilizados, por meio da análise otobiográfica, que propõe uma escuta das narrativas, reconhecendo o sujeito como produtor de sentido a partir de sua própria experiência. Trata-se, portanto, de uma abordagem qualitativa, ancorada na articulação entre fundamentos teórico-conceituais da vulnerabilidade e saúde e uma experiência pedagógica desenvolvida por meio de uma Oficina de educação em saúde. Essa estratégia buscou provocar processos de reflexão crítica, expressão simbólica e criação coletiva de sentidos sobre o cuidado, a partir da escuta de narrativas e da produção estética dos participantes. Os resultados evidenciam que práticas formativas que rompem com modelos prescritivos e verticais, promovem deslocamentos significativos na forma como os sujeitos se percebem em relação ao cuidado em saúde bucal. Emergiram narrativas que revelam experiências de exclusão, resiliência e pertencimento, além de tensionamentos em torno de discursos técnicos hegemônicos. Sendo assim, a incorporação de metodologias participativas e sensíveis ao território é essencial para a elaboração de estratégias de cuidado que reconheçam as singularidades dos sujeitos e favoreçam a justiça social. Outrossim, a valorização dos saberes locais, aliada ao compromisso com a escuta e com a transformação das condições de vida, mostrou-se como um caminho potente para o enfrentamento das desigualdades em saúde bucal nos territórios do campo.”