Análise Ultrassonográfica de Fatores Preditivos de Sucesso do Tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono com um Novo Aparelho de Avanço Mandibular
Apneia obstrutiva do sono, aparelho de avanço mandibular, eficácia, ultrassom, predição, oxímetro, polissonografia.
Os fatores preditivos de sucesso no tratamento da apneia obstrutiva do sono com aparelhos de avanço mandibular ainda são relativamente pouco estudados. A maioria das pesquisas utiliza exames de imagem que envolvem radiação ionizante ou ressonância magnética, os quais apresentam, respectivamente, aumentado risco biológico e alto custo. Este estudo propõe uma abordagem inovadora ao empregar a ultrassonografia para analisar a morfologia dos tecidos moles supra-hióideos em pacientes com apneia obstrutiva do sono em tratamento com aparelho de avanço mandibular. Objetivo: Avaliar a eficácia de um novo aparelho de avanço mandibular customizado, impresso em 3D, para o tratamento da apneia obstrutiva do sono, além de identificar possíveis fatores morfológicos preditivos de sucesso da terapia por meio de uma metodologia inovadora baseada na ultrassonografia dos tecidos supra-hióideos. Métodos: 20 participantes com diagnóstico prévio de apneia obstrutiva do sono através de polissonografia tipo 1, que já tinham iniciado o tratamento com o CPAP e não se adaptaram ou que desejavam uma alternativa a esse tratamento foram incluídos no estudo. Os participantes foram tratados com aparelho de avanço mandibular personalizado. Os efeitos da terapia foram analisados por meio de polissonografia tipo 4. Foram realizadas aferições em 3 períodos distintos: 1) início do tratamento, sem o aparelho de avanço mandibular (T0); 2) ao final da titulação (T1); 3) seis meses após o início do tratamento (T2). Foi realizado exame de imagem de estruturas anatômicas das vias aéreas superiores e da língua. A resposta ao tratamento foi definida como a diferença entre os valores registrados ao final da titulação e no início do tratamento a partir de cada variável polissonográfica estudada. Resultados: O aparelho de avanço mandibular melhorou significativamente todas as variáveis polissonográficas analisadas e a eficácia se manteve ao longo do período avaliado de seis meses. O comprimento da via aérea foi o único fator morfológico identificado na ultrassonografia como preditor da eficácia do tratamento, tanto da redução do IDO (R= 0.593; R2=0.351; p=0.012), quanto do T90 (R=0.561; R2=0.315; p=0.019) e da Carga Hipóxica (R=0.61; R2=0.372; p=0.012). Quanto mais longa a via aérea, melhores foram as respostas ao tratamento. Conclusões: O aparelho de avanço mandibular estudado foi eficaz para o tratamento da apneia obstrutiva do sono. Dentre as variáveis ultrassonográficas estudadas, o comprimento da via aérea se mostrou estatisticamente significativo como preditor de sucesso da terapia com um aparelho de avanço mandibular na redução do IDO, T90 e Carga Hipóxica. Quanto mais longa a via aérea, melhor foi a resposta ao tratamento, o que pode indicar ser este fator estrutural importante para a escolha do tratamento com este dispositivo. A ultrassonografia é um exame promissor na análise de pacientes portadores de apneia obstrutiva do sono.