"Saúde bucal de escolares de uma comunidade brasileira de baixa renda e sua relação com a estrutura familiar e hipomineralização molar incisivo"
"Doença cárie, hipomineralização molar incisivo, estado civil, prevalência, Caries Assessment Spectrum and Treatment"
"Admite-se que as atitudes e comportamentos da família e da mãe afetam a saúde geral e bucal da criança, havendo relatos de associação entre o desenvolvimento de cárie dentária da mesma e o estado civil dos pais. No entanto, não há consenso na literatura sobre esse tema, sendo necessárias mais pesquisas para estabelecer evidências confiáveis sobre o assunto. Da mesma forma, o defeito de desenvolvimento do esmalte denominado Hipomineralização Molar incisivo (HMI) aumenta as chances do indivíduo desenvolver lesões de cárie e quando não são bem treinados, dentistas tendem a diagnosticá-los erroneamente como cárie, podendo aumentar a prevalência da doença na população sob investigação. No entanto, até que ponto isso pode acontecer, ainda não foi investigado. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da estrutura familiar no estado de saúde bucal da criança em uma população considerada de alta vulnerabilidade social, bem como determinar o incremento na prevalência de cárie dentária, quando não se estabelece diferenciação entre lesões de cárie e HMI. Um total de 471 crianças foram examinadas por um único dentista calibrado para cárie dentária e HMI, utilizando o Caries Assessment Spectrum and Treatment (CAST) e o MIH Severity Scoring System (MIH-SSS), e os respectivos pais e/ou responsáveis submetidos a uma entrevista para coleta de dados socioeconômicos e hábitos de higiene. A prevalência de cárie na amostra, tendo como ponto de corte lesões em dentina, foi de 43,74% e, incluindo-se lesões em esmalte, de 52,87%. A estrutura familiar (estado civil da mãe e o chefe da família) não se mostrou um preditor para a prevalência de cárie; entretanto, houve associação significativa entre a baixa escolaridade da mãe e casos mais avançados da doença (RP = 1,41; p = 0,0077), baixa escolaridade da mãe e episódios de dor na boca (RP = 1,47; p = 0,0335), bem como residência não própria e presença substancial de placa nos dentes (RP = 1,13; p = 0,0493). A prevalência de HMI foi de 13,59%. A porcentagem de pacientes com cárie na dentição permanente foi significativamente maior entre crianças portadora de HMI (p < 0,0001), sendo que a chance desta criança apresentar a doença foi de 4,43 vezes maior em comparações às crianças sem HMI. Conclui-se que, embora a estrutura familiar não tenha tido uma influência na ocorrência de cárie na população investigada, aspectos sócio-econômicos da família, mostraram-se preditores da doença, bem como a presença de HMI."