“ESCOLARIDADE MATERNA E FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE AÇÚCAR EM ESCOLARES DE 6 A 9 ANOS - UM ESTUDO OBSERVACIONAL TRANSVERSAL”
“Açúcares; Escolaridade; Dieta; Criança; Estudos Transversais.”
"Esse é um estudo observacional-transversal onde foi avaliada a associação entre a escolaridade das mães e a frequência de consumo de açúcar livre em escolares de 6 a 9 anos de idade residentes em áreas socialmente carentes do Distrito Federal, Brasil. No desfecho principal, determinou-se a verificação da frequência no consumo de açúcar livre mensal e, nos desfechos secundários, apontam-se comportamentos relacionados à saúde, à dieta e à associação das características demográficas, incluídas na modelagem dos dados, como sexo da criança, estrutura familiar, renda familiar per capita e nível de escolaridade das mães. Para a respectiva análise, utilizaram-se dados da linha de base do Affordable Health Initiative Projeto Estrutural (affordablehealthinitiative.com). Neste estudo, 912 crianças foram eleitas para participar, e a taxa de resposta foi de 60% (543), porém apenas 471 (52%) forneceram dados sobre variáveis relevantes e, portanto, incluídas na análise de dados deste subestudo. Um total de 471 pais/ responsáveis foram entrevistados sobre variáveis socioeconômicas e hábitos alimentares, usando uma metodologia de pesquisa n=471 cuja coleta de dados foi realizada eletronicamente. Para a análise de dados, incluíram-se estatísticas descritivas e, a fim de avaliar a normalidade dos dados, foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk e testes não paramétricos devido às características de distribuição dos dados. Foi utilizado o teste de Mann-Whitney e, para as comparações com mais grupos, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, com comparações múltiplas pelo teste de Dunn. Para avaliar o relacionamento entre as variáveis, foi utilizado o Modelo Linear Generalizado de Regressão Binomial Negativo cujos resultados foram considerados estatisticamente significativos, quando o α (erro tipo I) era < 0,05. A amostra foi composta por 252 meninos e 219 meninas com idade média entre 8 e 12 anos (±0,90). No geral, 85,3% das famílias possuem renda per capita abaixo de um salário mínimo, 61,6% dos responsáveis se consideram casados e 53,6% das mães apresentam ensino médio completo ou maior escolaridade. As crianças apresentaram uma frequência de consumo de açúcar livre 20 vezes ao mês (IC 95% 18,01 a 21,99), com associação significativa entre escolaridade da mãe e renda per capita. Não houve diferença expressiva em relação ao sexo e estrutura familiar. Observou-se que a média da frequência no consumo de açúcar mensal das crianças diminui, significativamente, de acordo com o aumento do nível de escolaridade da mãe, sendo também menor em crianças provenientes de famílias com renda per capita acima de um salário mínimo. Os resultados do modelo linear generalizado de regressão binomial negativo demonstraram que crianças, com renda familiar mensal menor que um salário mínimo e mães com baixa escolaridade, consomem, em média, 24,84 vezes açúcar ao mês. Já crianças com renda familiar maior que um salário mínimo e mães com ensino médio completo ou maior escolaridade consomem, em média, 8,99 vezes açúcar ao mês. Concluiu-se que, para os escolares em situação de vulnerabilidade, as variáveis relacionadas ao nível socioeconômico das famílias, como renda per capita familiar e escolaridade materna, são mais relevantes do que a estrutura familiar e o sexo da criança, quando se referir à frequência de consumo mensal de açúcar."