"O capitalismo biomédico e suas repercussões no trabalho interprofissional em saúde"
“____Relações Interprofissionais; Atenção Primária à Saúde; Práticas Interdisciplinares; Educação Interprofissional ___”
“Este estudo teve como objetivo geral compreender a relação entre o capitalismo/modelo biomédico e as barreiras e os facilitadores para o trabalho interprofissional das equipes multiprofissionais na atenção primária à saúde, na literatura científica publicada no Brasil e internacionalmente. O referencial teórico se fundamentou no paradigma interpretativo com recorte crítico a partir da lente teórica da determinação social da saúde. Desenvolveu-se uma revisão de escopo que mapeou as barreiras e os facilitadores para o trabalho interprofissional na atenção primária à saúde com metodologia fundamentada no Joanna Briggs Institute (JBI). O levantamento ocorreu em seis bases de dados e repositórios: BVS (Biblioteca Virtual da Saúde); SCIELO (Scientific Electronic Library Online); PUBMED/MEDLINE; LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Web of Science e SCOPUS. Foram incluídos 169 artigos majoritariamente qualitativos, publicados em português, inglês e espanhol com destaque para a produção do Canadá (50) e o Brasil (44). As barreiras predominaram em relação aos facilitadores, onde se evidenciou o capitalismo biomédico, que apareceu nas quatro dimensões: sistema – formação no modelo biomédico; organizacional – gestão e atenção produtivistas; interindividual – hierarquização e concentração de poder da medicina; e individual – individualismo. A ambiência e a criatividade na organização dos fluxos de trabalho foram identificadas como facilitadores inovadores na temática. A metodologia de avaliação do trabalho interprofissional ainda é majoritariamente qualitativa e a revisão indica a necessidade de aumentar a fundamentação teórico-metodológica dos estudos na temática. As intervenções para promover o trabalho interprofissional precisam levar em conta as implicações do capitalismo biomédico e da interseccionalidade na saúde. O capítulo final da dissertação apresentou a discussão das barreiras e facilitadores sob a perspectiva dos sistemas de saúde dos países que mais apareceram na revisão de escopo: Canadá, Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Uma das contribuições inovadoras deste estudo se deu no desvelar da implicação do sistema capitalista a partir do recorte do capitalismo biomédico/modelo biomédico, como um atravessador do trabalho interprofissional, se expressando através de diversas barreiras desde a formação, gestão, atenção e no âmbito do nível micro dos profissionais da saúde, com o individualismo.”