Práticas dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias: potencialidades e limites frente à pandemia de covid-19 no Brasil
“Atenção Primária à Saúde; Covid-19; Agente Comunitários de Saúde; Agente de Combate às Endemias; Vigilância em Saúde Pública.”
“Este estudo qualitativo teve como objetivo analisar os desafios e as potencialidades vivenciados por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) durante a pandemia de covid-19 no Brasil. Foram realizadas 54 entrevistas semiestruturadas de forma remota, envolvendo profissionais de todos os 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. A análise dos dados foi conduzida com base na técnica de análise temática proposta por Braun e Clarke (2006), permitindo identificar transformações significativas nas práticas cotidianas desses trabalhadores da saúde. Os resultados indicam que a pandemia impôs restrições importantes, sobretudo em relação às visitas domiciliares, que são a base da atuação dos ACS e ACE. Além disso, foi evidenciada a precarização das condições de trabalho, marcada pela escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), pela ausência de treinamentos específicos para lidar com a covid-19 e pela insegurança vivenciada durante o exercício da função. Outro aspecto crítico foi o enfrentamento do negacionismo e da desinformação, que exigiu dos profissionais um esforço adicional para promover a conscientização da população sobre a importância das medidas preventivas e da vacinação. Apesar dos inúmeros desafios, o estudo revela a resiliência e a capacidade de adaptação desses profissionais. Por meio do uso de mídias sociais e outras formas alternativas de comunicação, os ACS e ACE conseguiram manter o vínculo com as comunidades e assegurar a continuidade do cuidado, reforçando o papel central da Atenção Primária à Saúde (APS) na resposta à crise sanitária. O estudo destaca a importância do reconhecimento e valorização desses profissionais.”