ASSOCIAÇÃO ENTRE A SEVERIDADE DOS SINTOMAS DE COVID-19 COM A COMPOSIÇÃO CORPORAL E COM OS NÍVEIS DE TESTOSTERONA EM HOMENS ATÉ 45 ANOS DE IDADE
Testosterona, força muscular, covid-19, massa muscular, SARS-CoV-2.
Introdução: O vírus SARS-CoV-2 possui tropismo pelo sistema respiratório e por isso seus impactos nesse sistema são bastante estudados. Contudo, muitos avanços estão sendo relacionados a danos em outros órgãos, como o sistema reprodutor masculino, onde o grau de lesão está intimamente relacionado à gravidade da doença. Quando o vírus acomete a região testicular, o local passa a ser um reservatório do vírus Sars-Cov-2, podendo levar ao desenvolvimento danos teciduais. Lesões nas estruturas que compõem os testículos podem influenciar diretamente na produção de testosterona. No contexto da COVID-19, muitos pacientes experimentaram redução de testosterona, inflamação e perdas de tecido muscular, levando a fraqueza da musculatura pós-infecção. Contudo, a redução da massa magra, força e testosterona nos meses subsequentes à infecção ainda é pouco elucidada. Por isso, estudar a associação entre o diagnóstico de covid e os níveis de testosterona, bem como com a força e composição corporal de homens é fundamental. Objetivo: analisar a massa magra, força muscular, gordura corporal e a concentração de testosterona de homens até 45 anos de idade com e sem histórico de diagnóstico positivo para COVID-19. Métodos: O estudo tem caráter transversal. A amostra foi composta por 46 homens com idade até 45 anos com (n=36) e sem (n=10) diagnóstico positivo para covid-19. A composição corporal foi analisada por densitometria (DXA). A força muscular foi avaliada com o teste de preensão manual. A concentração sanguínea de testosterona foi realizada em um laboratório externo à universidade com 30 dos 46 participantes. Análise estatística foi realizada com o pacote estatístico SPSS (versão 25.0). Os voluntários foram estratificados nos grupos de comparação: 1. Sem diagnóstico e 2. com diagnóstico positivo para covid-19; bem como 3. Sintomas leves, e 4. Sintomas moderados/graves. Comparação entre os grupos foi realizada com o teste U de Mann-Whitney. Associação entre o diagnóstico com a mediana (acima ou abaixo) das variáveis dependentes foi realizada com o teste de qui quadrado de Pearson com correção de Yates quando necessário. Razão de chances foi calculada quando pertinente. Resultados: Não houve associação significante entre presença de diagóstico positivo com as variáveis dependentes (testosterona, força, massa muscular e gordura corporal). Os voluntários com diagnóstico positivo apresentaram idade significativamente maior (29.7 ± 7.9 vs. 22.8 ± 5.4 anos). A severidade dos sintomas associou-se com a gordura visceral (χ2 com correção de Yates = 4.20, p = 0,04), de modo que 78.6% dos voluntários que apresentaram sintomas moderados/graves estavam acima da mediana da quantidade de gordura. Observou-se tendência de significância quando comparados o IMC (p = 0,08) e a gordura visceral (p = 0,09) entre os grupos sintomas leves vs. Sintomas moderados/graves (IMC: 24.6 ± 4.8 vs 26.9 ± 5.6 kg/m2; Gordura visceral: 10.0 ± 7.2 vs 13.6 ± 7.7 Kg), respectivamente. Conclusão: A severidade dos sintomas de covid-19 associa-se com a gordura visceral, mas não influencia a força, massa magra e testosterona de indivíduos recuperados da doença há pelo menos 12 meses.