"GINGAS” DA MASCULINIDADE NA CAPOEIRAGEM CARIOCA (1808-1930)
História da capoeira; homens negros; masculinidades.
Esta pesquisa se propõe a analisar, numa perspectiva historiográfica, a trajetória de corpos negros “capoeiras” na cidade do Rio de Janeiro entre 1808-1930, observando a construção das masculinidades a partir do sentido-significado desses corpos. O recorte é feito no intento de refletir a perspectiva do gênero e os valores construídos na prática da “capoeiragem”. Tal processo é iniciado a partir da população negra em um universo majoritariamente masculino e se amplia para uma dimensão maior de sujeitos e de concepções que se aproximam dos ideais que se vinculam à masculinidade hegemônica do período (décadas iniciais do século XX), a partir de reapropriações dos intelectuais interessados na luta. “Os corpos negros capoeiras”, ao longo de todo período, vivem em meio a tensões (criminalizações), disputas internas, cumplicidades com representantes da ordem social dominante, afirmações de identidades viris e projetos de poder, que se apropriam da capoeira, ao passo que desconsideram seus protagonistas. Em meio a disputas de projetos sobre a luta exercida por esses sujeitos, compreende-se que “os capoeiras” vivem universos múltiplos e contraditórios, que também comportam masculinidades que buscam alternativas em meio à masculinidade hegemônica.