“Senhoras e senhores, ponham a mão no chão”: representações de gênero nas culturas infantis por meio do desenho
Desenho infantil; Brincadeiras; Gênero; Sociologia da Infância.
Quando as crianças brincam, seus corpos se comunicam com o mundo e nessa perspectiva é necessário compreender as representações sociais que são abordadas sobre gênero na escola, nas brincadeiras e nas interações com os pares. O brincar e o desenho são atividades típicas das crianças, em que a infância, enquanto categoria geracional permanente, visualiza as crianças como atores e atrizes sociais com agência e protagonismo. O objetivo do trabalho foi identificar brincadeiras preferidas de crianças na escola, buscando compreender representações de gênero, por meio de desenhos infantis da coleção do Imagem - Grupo de Pesquisa sobre Corpo e Educação, vinculado à Universidade de Brasília. O referencial teórico, à luz da Sociologia da Infância, expressa os elementos necessários para identificar os seres plurais que brincam, desenham, mas que devem falar, expor anseios e questionamentos. Diante desses apontamentos, a partir de um inventário da coleção de desenhos infantis do grupo Imagem, com o total de 27 trabalhos acadêmicos, entrevistas semiestruturadas e aproximadamente 2.500 desenhos das crianças de diversos tempos e espaços, foi realizado um recorte de 3 pesquisas com a temática de brincadeiras preferidas e suas variações. Por conseguinte, foram descritas e analisadas as brincadeiras das crianças, categorizadas em tradicionais, esportivas e midiáticas. A partir dos desenhos, observa-se que os piques são as preferidas dos meninos e meninas, em sequência existe uma preferência majoritária de meninos pelo futebol, já as meninas se encontram na dança. Todavia, as brincadeiras tradicionais como piques e pular-corda, potencializam um brincar integrado das meninas e meninos, sem segregação e exclusão de gênero. Desse modo, os desenhos das brincadeiras tradicionais ilustram a experiência de convívio entre os meninos e meninas, o que pode contribuir para evitar a heteronormatividade imposta desde a infância.