O PAPEL DO ATELIERISTA: DIÁLOGOS ENTRE A ABORDAGEM REGGIO EMILIA E O PENSAMENTO DE ANÍSIO TEIXEIRA
Atelierista; Reggio Emilia; Anísio Teixeira; Ateliê; Mediação estética; Autonomia; Investigação Autonarrativa.
Esta pesquisa investiga o papel do atelierista de arte, articulando as propostas pedagógicas de Loris Malaguzzi, com a abordagem Reggio Emilia e o pensamento de Anísio Teixeira. A investigação parte do questionamento sobre a identidade desse profissional, sua formação e relevância, uma figura central na teoria italiana, mas de colocação complexa e pouco definida no contexto atual educacional brasileiro. Através da pesquisa autonarrativa como percurso metodológico, a dissertação, através de vestígios da minha prática profissional, reflete sobre os desafios e as potencialidades de atuação do profissional atelierista. O fundamento teórico evidencia as aproximações entre as duas pedagogias, sobretudo na valorização da criança como sujeito ativo, da experiência como motor da aprendizagem e da arte como o elo com as outras áreas de saberes. O trabalho conceitua a figura do atelierista, diferenciando este profissional do professor de artes tradicionais e do pedagogo, e analisa como essa função se aproxima da figura do professor especializado idealizado por Anísio Teixeira para as Escolas Parques. Os resultados, retirados da narrativa da prática, podem indicar que o atelierista, atuando como mediador e provocador de investigações, promove de forma significativa a autonomia e a criatividade da criança, validando o ateliê como um lugar de pesquisa e expressão livre. No entanto, a pesquisa também indica os desafios institucionais, como a falta de um cargo formalizado e as ambiguidades na contratação desse profissional. A discussão sobre a regulamentação da profissão do atelierista no contexto brasileiro é principiante e não existe, até o momento, uma legislação específica que defina sua formação e atribuições. Essa ausência da regulamentação contribui para os desafios institucionais enfrentados, gerando ambiguidades na contratação do profissional no quadro escolar. A atuação do atelierista e a proposta do ateliê estão alinhados com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil. A abordagem do ateliê, ao incentivar a exploração de múltiplas linguagens, a investigação e o protagonismo da criança, dialoga diretamente com os direitos de aprendizagem e os campos de experiências da BNCC, permitindo que as crianças desenvolvam a criatividade e autonomia em ambientes planejados para estimular a criação livre. O atelierista é uma figura importante para uma educação infantil que valoriza as múltiplas linguagens e a investigação, e o diálogo entre a abordagem de Reggio Emilia e o legado de Anísio Teixeira, somado à consonância com as diretrizes da BNCC, oferece um caminho potente para pensar sua implementação e o fortalecimento no contexto brasileiro, destacando a urgência do debate sobre sua regulamentação e reconhecimento profissional.