CULTURA VISUAL E SUJEITOS QUEER: CURRÍCULO, VISUALIDADES E RESISTÊNCIAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Educação da Cultura Visual. Teoria queer. Educação. Visualidades
Esta tese elabora conexões entre Currículo, Visualidades e Gênero, investigando o possível caráter pedagógico de artefatos visuais. Para tanto, o estudo buscou compreender as conexões e possibilidades educativas entre a teoria da Cultura Visual e Teoria Queer, destacando suas contribuições para pesquisas em Educação em Artes Visuais por meio da utilização da série “Sex Education” como artefato visual para promover uma queerização do currículo da Educação Básica. Tais questões aproximam-se de minhas inquietações pessoais e permitiram a construção de um problema de pesquisa: A eminente necessidade de queerização do currículo da Educação Básica pode ser facilitada utilizando os discursos dos personagens da série Sex Education? O problema de pesquisa é seguido de alguns questionamentos: a construção e representação desses personagens reforçam padrões hegemônicos e de preconceito ou servem como campo de debates de respeito as diferenças? É possível utilizar uma série como artefato visual para promover debates relacionados às questões de gênero e sexualidade no currículo? Quais lacunas do currículo da educação Básica ainda precisam ser preenchidas? Como a presença dessas visualidades na escola transgride o currículo da Educação Básica? Em busca de respostas, construo uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, com análise documental, cujo objetivo foi analisar a constituição e a representação desses personagens e suas possibilidades de transformação curricular, por meio de um método de análise visual chamado Provoque, desenvolvido por João Paulo Baliscei (2008). Começando pela série, se passa em uma escola secundária fictícia de Moordale, e o enredo aborda preocupações contemporâneas em torno da identidade de gênero e da sexualidade. A este respeito, reconhece-se que discutir a relação entre os meios de comunicação social e as representações sociais é crucial, uma vez que as representações sociais das pessoas são moldadas pelo tipo e qualidade da informação que recebem dos meios de comunicação social sobre um determinado objeto social. Semelhante a inúmeras pessoas com identidades inconformistas, a jornada de Adam Groff na série revela um procedimento complicado. Este caminho está intrinsecamente ligado ao ambiente violento e aos desafios de navegar na própria subjetividade e autoconsciência. Isto porque os estereótipos mediáticos sobre grupos minoritários têm a capacidade de defender o preconceito e a discriminação, uma vez que criam representações sociais que afetam a forma como as identidades são formadas. A análise mostra que a “Educação Sexual” pinta um quadro complexo dos desafios que as pessoas LGBTQIAP+ enfrentam para lidar com quem são. Apesar de seu escopo e atenção a questões sociais contemporâneas e importantes, em vez de apenas transmitir a narrativa de uma figura ficcional, a série enfrenta desafios conceituais e problemáticos que sustentam ideias hegemônicas, pois representa e liberta um vasto conjunto de pessoas que podem ou não se identificar com uma determinada expressão de gênero. A cultura visual relacionada com queer deve, portanto, ser incluída no currículo porque permite com que cada pessoa sinta que pode explorar e criar a sua própria identidade.