Bioengenharia de Sistemas Microestruturados em Látex Natural: CHIP-Eny como Tecnologia Organ-on-a-chip Nacional para o Desenvolvimento de Scaffolds Bioindutores Aplicados à Regeneração Tecidual
Sistemas Microfisiológicos. Microfluídica. Moduladores da Angiogênese. Hevea. Pesquisa Translacional Biomédica.
Nos últimos anos, os biomateriais têm desempenhado um papel crucial na engenharia de tecidos, oferecendo ferramentas para restaurar ou otimizar a função tecidual em condições patológicas. A vasta biodiversidade vegetal do Brasil oferece oportunidades para explorar biomateriais com potencial terapêutico, conforme regulamentado pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
A Hevea brasiliensis produz látex, definido como uma dispersão coloidal polifásica, consistindo em partículas de borracha (monômeros cis-1,4-isopreno), proteínas, fosfolipídios, lutoides (ácidos orgânicos, sais minerais, proteínas, açúcares, entre outros) e partículas Frey-Wyssling (organelas contendo lipídios e carotenoides) dispersas em um meio aquoso. Apresenta propriedades mecânicas e biológicas notáveis, incluindo capacidade de indução da angiogênese. Estudos prévios destacaram seu potencial para cicatrização de feridas crônicas, atribuído ao estímulo de fatores de crescimento como VEGF e CYR 61.
O objetivo desta Tese trata-se de desenvolver, caracterizar e avaliar a eficácia dos bioindutores de Látex carregados com células endoteliais umbilicais humanas (HUVECs) na modulação da angiogênese de feridas crônicas. A metodologia realizada consistiu em análises na plataforma Organ-on-a-chip “CHIP-Eny”, uma tecnologia nacional, desenvolvida pelo Grupo de Engenharia Biomédica da Universidade de Brasília (UnB), que permite a cultivo tridimensional de células em condições in vitro mais próximas ao ambiente fisiológico.
A justificativa deste estudo reside na necessidade de desenvolver terapias inovadoras para feridas crônicas, um desafio significativo na prática clínica. A hipótese subjacente é que os scaffolds de látex, ao proporcionarem um ambiente tridimensional adequado para a interação celular, estimulam a formação de novos vasos sanguíneos, promovendo assim a neovascularização e favorecendo a cicatrização. Os resultados deste estudo têm implicações tanto científicas quanto clínicas, contribuindo para avanços na medicina regenerativa e oferecendo potenciais benefícios terapêuticos para os portadores desta injúria.