Autorregulação da transferência de aprendizagem e efetividade de treinamento
autorregulação da transferência de aprendizagem, transferência de aprendizagem, efetividade de treinamento; transferência de treinamento
A aplicação do aprendido em treinamentos para situações de trabalho, isto é, a transferência de aprendizagem, é um desafio para trabalhadores e organizações. Ela envolve características contextuais e individuais. Nesse contexto, as pessoas podem mobilizar o processo de autorregulação para alcançar seus objetivos de aplicação. O diagnóstico e intervenções voltados a esse processo podem contribuir para aumentar a efetividade de treinamentos. Esta dissertação teve como objetivos: construir e obter evidências de validade de uma medida da autorregulação da transferência de aprendizagem; verificar a relação entre essa autorregulação e o impacto do treinamento e o papel mediador dessa autorregulação na relação entre o suporte psicossocial à transferência e esse impacto. Além disso, objetivou investigar se uma intervenção após o treinamento pode aumentar a autorregulação para a transferência de aprendizagem e o impacto de treinamento. Para isso, foram realizados dois estudos. No primeiro, foram construídos os itens da Escala de Autorregulação da Transferência de Aprendizagem, com base na literatura científica existente sobre autorregulação da aprendizagem nas organizações, pois inexistiam medidas de autorregulação daquela transferência. Os dados de 406 trabalhadores de uma grande empresa pública brasileira passaram por Análise Fatorial Exploratória e verificação de validade discriminante e preditiva. No segundo estudo foram testadas as hipóteses por meio de regressão múltipla, análise de mediação e MANOVA. A amostra foi de 286 trabalhadores da mesma empresa pública. A Escala de Autorregulação da Transferência de Aprendizagem mostrou evidências de confiabilidade nos processos afetivos e disposicionais (α=0,91), cognitivos e de planejamento (α=0,92), e comportamentais (α=0,88) e validade preditiva de impacto em amplitude de treinamento (p<0,001). Os resultados dos testes de hipóteses apontam a existência de relação significativa entre o impacto do treinamento em profundidade e os processos afetivos e disposicionais (b=0,43; p<0,001) e cognitivos e de planejamento (b=0,16; p<0,001). Esses processos também mediaram a relação entre suporte psicossocial à transferência e esse impacto (b=0,325; p< 0,001). A intervenção para promover autorregulação não alcançou resultado significativo. Os achados dos estudos corroboram a importância da autorregulação da transferência de aprendizagem para o impacto de treinamentos e podem apoiar diagnósticos e intervenções mais efetivas visando melhoria dos efeitos de treinamentos