Poder Judiciário, Relações Socioprofissionais e Assédio Moral: Gênese, Produção e Manutenção da Violência Psicológica no Trabalho
assédio moral no trabalho, violência simbólica, ergonomia da atividade
O mundo do trabalho passou por profundas alterações nos últimos 50 anos que modificaram a forma como as pessoas se relacionam no ambiente laboral. As violências no trabalho ganharam novos contornos, um deles é o assédio moral no trabalho (AMT). O objetivo dessa dissertação e da pesquisa que a compõe foi investigar a gênese, produção e manutenção do assédio moral no trabalho no contexto das relações interpessoais de um órgão público do Poder Judiciário no Brasil. A ancoragem teórica está na abordagem estruturalista de Pierre Bourdieu e na Ergonomia da Atividade ambas interessadas no protagonismo do trabalhador nos processos sociais e organizacionais, respectivamente. Participaram do estudo 38 trabalhadores, sendo 14 terceirizados(as), 11 servidores(as), 6 magistrados(as) e 7 estagiários(as). Realizou-se grupos focais com trabalhadores divididos por vínculo empregatício com a instituição. O tratamento dos dados foi feito por meio do software IRaMuTeQ e identificou-se os núcleos temáticos estruturadores do discurso. Resultados mostram que gênese do AMT está na presença da hierarquia simbólica que marca as relações socioprofissionais no contexto estudado e contribui para comportamentos de abuso de poder, diferenciações entre trabalhadores, gestão inadequada e disputas internas. Por meio das sugestões levantadas no grupo focal foi possível construir um conjunto de possíveis ações para a prevenção do AMT em curto, médio e longo prazos. Os achados têm grande importância pois a gênese do AMT na instituição é fruto de mecanismos simbólicos propulsores de malestar no trabalho e apontam para a vulnerabilidade à violência simbólica, subsídios valiosos para a organização que explicitam o caráter aplicado da investigação e sua contribuição para a prevenção do AMT.