Uma casa de cuidados: ressonância dos saberes terapêuticos do povo de candomblé de angola da comunidade Tumba Nzo A’na Nzambi Junsara
Candomblé; Etnopsicologia; Saúde mental
Em seguida à invasão portuguesa, dois projetos dvilizatórios se somaram às civilizações originárias do território brasileiro. O projeto ocidental, que se tomou hegemónico e o projeto dos povos africanos. Enquanto os ocidentais difiindiram os seus cuidados em saúde mental por universidades, os africanos e seus descendentes os preservaram em comunidades tradicionais. Devido a assimetria social gerada pelo racismo, um derivado do colonialismo, as tradições de matrizes africanas no Brasil são relegadas à margem e sempre inferiorizadas. Essa tese oferece uma visibilidade acadêmica para o sistema terapêutico do candomblé de angola. O conhecimento foi gerado desde uma pesquisa de campo em parceria com a comunidade do Tumba nzo A’na Nzambi Junsara, usando-se a observação participante com atenção à corporeidade, e dinâmicas conversacionais visando a construção colaborativa. Foram realizados sistemas de inteligibilidades a partir da relação entre indivíduo e cultura, propondo-se assim um hibridismo entre a Teoria da Subjetividade, a Antropologia Sensorial e a Etnopsiquiatria. A pesquisa acessou que o conceito de saúde e cuidados da comunidade se expandem para além da dimensão individual, gerando resultados que apresentam: A casa de candomblé como um território tradicional bantu; Que a iniciação é um dispositivo terapêutico, e visa a afncanização; O transe como uma técnica corporal que promove saúde; Que ojamberessu é um livro vivo, uma linha encarnada de transmissão da tradição bantu; A compreensão da tradição desde os seus dispositivos terapêuticos; A percepção de que na sociedade brasileira, que é hibrida e multicultural, os cuidados em saúde mental do candomblé e da psicologia são complementares, e são potencializados quando a psicoterapia inclui o referencial de pertencimento.