O trabalho como sintoma: uma análise psicanalítica da alienação ao discurso neoliberal.
Trabalho, psicanálise, significante, serviço público e discurso.
Esta tese analisa como o discurso capitalista neoliberal produz significantes que estigmatizam o trabalho e contribuem para o adoecimento psíquico do trabalhador, especialmente no serviço público. Foram estudados o conceito de significante na obra de Lacan e a definição de trabalho, conforme previsto na lógica econômica e política do capitalismo neoliberal. Trata-se de uma pesquisa qualitativa fundamentada na perspectiva das teorias psicanalítica e da crítica, social, realizada por meio de três estratégias: estudo teórico, revisão sistemática de literatura e análise de caso. A pesquisa compreende o trabalho como um significante que, na cultura neoliberal, perde sua função sublimatória para se tornar fonte de gozo compulsivo e sofrimento. A partir da noção de que o inconsciente é estruturado como linguagem, argumenta-se que os discursos neoliberais colonizam a subjetividade e impõem ao sujeito um modelo de realização baseado na produtividade e no consumo. Tal lógica opera por meio de injunções superegóicas que promovem o silenciamento do desejo, favorecendo a emergência de sintomas. A tese propõe a Clínica Psicanalítica do Trabalho como um dispositivo que, por meio da escuta e da interpretação, permite ao sujeito ressignificar seu sofrimento, reposicionar-se diante do trabalho e sustentar o desejo como expressão de sua singularidade. Ao apontar o trabalho como sintoma social da racionalidade neoliberal, o estudo oferece uma crítica aos discursos normativos de gestão e ao ideal de desempenho que marcam o mundo do trabalho contemporâneo. Contribui, assim, para a compreensão dos efeitos subjetivos dessa lógica e para a construção de práticas clínicas sensíveis às condições de sofrimento psíquico do trabalhador.