"Punição monitorada eletronicamente: percepções de monitores/as e monitorados/as sobre a utilização de
tornozeleiras eletrônicas no Brasil e na França em perspectiva comparada".
Monitoração Eletrônica; Dispositivo de controle; Indústria da punição; Capitalismo carcerário; Etnografia multissituada.
A partir de estudo criminológico de cunho etnográfico multissituado e aliado à abordagem do interacionismo simbólico, no marco das discussões sobre descarcerização, políticas de racionalização do poder punitivo e dos paradigmas garantista e abolicionista; esta pesquisa enfoca as interações entre agentes estatais (monitores/as), e usuários de tornozeleiras eletrônicas durante o cumprimento de medidas judiciais (monitorados/as), situados/as e submetidos/as em/a redes, mecanismos e dispositivos de vigilância eletrônica e política criminal, no Brasil e na França, em perspectiva comparada. Nesse sentido, a partir de contextos significativos, no plano local/global, bem como do contato direto com os/as interlocutores/as, intensas observações durante trabalho de campo nos serviços penitenciários em diferentes localidades nos dois países (no Brasil: Belo Horizonte/Minas Gerais/Sudeste, Recife/Pernambuco/Nordeste e Brasília/Distrito Federal/Centro-Oeste; na França: Paris/Île-de-France, Dijon/Côte-d'Or/Bourgogne-Franche-Comté, Beauvais e Compiègne/Oise/Hauts-de-France, Saint-Denis e Pantin/Seine-Saint-Denis/Île-de-France, Créteil e Fresnes/Val-de-Marne/Île-de-France), em diferentes momentos ao longo de 10 anos, com relatos densos em diário de campo e análise documental; evidenciase como a monitoração de pessoas com tornozeleiras eletrônicas tem se revelado um continuum da prisão comum e um recurso tecnológico de esquadrinhamento de corpos e movimentos, especializado em termos de natureza jurídica, funções (reais ou declaradas), usos práticos e seus efeitos; dentro do quadro mais amplo das indústrias da segurança e da punição, sob a égide do capitalismo carcerário, das sociedades de vigilância e da cultura do controle.