Banca de DEFESA: MARCOS VINÍCIUS LUSTOSA QUEIROZ

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARCOS VINÍCIUS LUSTOSA QUEIROZ
DATA : 21/10/2022
HORA: 14:00
LOCAL: AUDITÓRIO MIROSLAV MILOVIC - FACULDADE DE DIREITO - UnB
TÍTULO:

"O Haiti é aqui: ensaio sobre formação social e cultura jurídica latino-americana (Brasil, Colômbia e Haiti, século XIX)".


PALAVRAS-CHAVES:

Revolução Haitiana; constitucionalismo; democracia racial; sacrifício de sangue; hermenêutica senhorial; racismo; independência; Brasil; Colômbia.


PÁGINAS: 681
RESUMO:

Esta tese investiga o impacto da Revolução Haitiana na formação social e na cultura jurídica da América Latina, em especial a relação entre ideologia da democracia racial e constitucionalismo. Para tanto, o texto se divide em dois momentos. Na primeira parte, as relações entre constituição e escravidão na modernidade são analisadas a partir das experiências haitiana, colombiana e brasileira. Argumenta-se que a Revolução Haitiana inaugurou um novo tempo histórico, o qual seria refreado na construção dos demais estados-nação no continente. Como pano de fundo, são desenvolvidos os conceitos de sacrifício de sangue e hermenêutica senhorial. O sacrifício opera na crítica ao contratualismo e introduz a “raça” como elemento constitutivo do direito moderno. A força constituinte do ritual sacrificial é trabalhada à luz da trajetória política de José Prudencio Padilla, revolucionário colombiano das guerras de independência. Ademais, a centralidade da vida e morte de Padilla para compreensão da lógica jurídica da modernidade é visualizada por meio da literatura de Juan Zapata Olivella. Já o conceito de hermenêutica senhorial permite entender a vida póstuma da escravidão como um padrão do senso comum teórico dos juristas. Este segundo conceito é desenvolvido a partir da leitura da experiência constitucional do Brasil Império, especialmente a elaboração e aplicação da Constituição de 1824. Essa leitura é realizada por meio da análise das vidas e pensamento político de João Severiano Maciel da Costa e Bernardo Pereira de Vasconcelos. Por fim, a partir da obra de Machado de Assis, são destrinchados três elementos persistentes da hermenêutica senhorial: a concepção de propriedade absoluta; o princípio da ilegalidade; e o sacrifício de sangue como rito jurídico. Também a partir de Machado, aponta-se o paradigma da volubilidade como princípio formal do romance em cadeia do constitucionalismo moderno. Na segunda parte, este aparato analítico é utilizado para entender o nascimento da ideologia da democracia racial-mestiçagem como uma estratégia jurídica da branquidade em reação ao problema legado pela Revolução Haitiana, isto é, os direitos dos negros. Portanto, realiza-se uma leitura haitiana da genealogia deste mito fundador nas experiências do Brasil e da Colômbia. Para o primeiro caso, trabalha-se como o Haiti é o elemento que, funcionado como oposição, dá liga para a concepção da “singularidade” brasileira para os “patriarcas” das ciências sociais e da literatura no país, isto é, Gilberto Freyre e José de Alencar. A negação da Revolução Haitiana é a base que vincula direito e nação no pensamento desses dois baluartes da Casa-Grande. Por fim, a leitura haitiana é utilizada para compreender o pensamento político e constitucional de Simón Bolívar, onde se verifica a negação e o medo do Haiti (traduzido por Bolívar como temor à pardocracia) como elementos genéticos do pensamento social latino-americano, especialmente a relação entre organização constitucional do Estado e ideologia da harmonia racial. Em última instância, essa relação é garantida pela possibilidade permanente do linchamento, que opera como ritual restaurador dos componentes ideológicos e materiais herdados da matriz civilizacional da escravidão.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ACAUAM SILVÉRIO DE OLIVEIRA - UPE
Externa à Instituição - CAMILLA DE MAGALHÃES GOMES - UFRJ
Presidente - 1863338 - EVANDRO CHARLES PIZA DUARTE
Interno - 1905321 - GUILHERME SCOTTI RODRIGUES
Externo à Instituição - THULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRES - PUC - RJ
Notícia cadastrada em: 10/10/2022 16:11
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