Banca de DEFESA: Mayara Lima Tachy

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Mayara Lima Tachy
DATA : 25/07/2023
HORA: 09:00
LOCAL: https://meet.google.com/yyy-hmpt-tck
TÍTULO:

"RÉUS NEGROS, JURADOS BRANCOS: A CONDENAÇÃO DA RAÇA PELO TRIBUNAL DO JÚRI COMO DECORRÊNCIA DO SISTEMA DA ÍNTIMA CONVICÇÃO".


PALAVRAS-CHAVES:

RACISMO; RAÇA; JULGAMENTO POPULAR; TRIBUNAL DO JÚRI; DIREITO PENAL; CONSELHO DE SENTENÇA; JÚRI POPULAR.


PÁGINAS: 120
RESUMO:

O presente trabalho trata da análise do perfil racial dos atores envolvidos nos processos criminais submetidos a julgamento perante o tribunal do júri, formado por jurados leigos componentes da comunidade onde o crime foi praticado. Inicialmente, buscou-se compreender o conceito de raça considerada a realidade brasileira, que contou processo de colonialismo intenso, o qual desaguou no que ficou conhecido como colonialidade. Embora abolida a escravidão há menos de duas centenas de anos, os efeitos decorrentes da colonização resultaram em um racismo estrutural que forjou os sistemas de punição de forma peculiar nos países do Sul-global. O racismo não se tratou de mera realidade social existente, mas orientou a produção legislativa constitucional e infraconstitucional punitiva, conformando o sistema penal para abrigar o contingente populacional excedente após a abolição do regime escravocrata. Com a evolução da Criminologia, essa realidade passou a ser percebida, alcançando maior clareza com as teorias do conflito, inauguradas pelo labeling approach, chegando ao estágio atual da Criminologia Crítica, que leva em consideração a incidência desses fatores nos processos de criminalização. Esses processos se iniciam na agência policial, passando pelo sistema judicial até o encarceramento em massa, espaço onde se consolida na reprodução dos padrões raciais criminalizados. Nesse contexto, a análise do júri popular se mostra importante, a fim de identificar se ocorre a reprodução desses padrões raciais nessa instância e se o perfil racial dos jurados pode influenciar nos resultados de julgamentos de réus negros e brancos. O trabalho analisa dados de perfilamento racial produzidos no Estado brasileiro, que confirmam que as pessoas negras são destinatários preferenciais das agências policiais, seletividade chancelada pelo Poder Judiciário. Pesquisa quantitativas realizadas no cenário internacional concluíram que a falta de diversidade na formação do corpo de jurados conduz a resultados desiguais para réus negros e réus brancos. Há ainda condenação internacional em caso de réu negro que foi condenado com elementos racistas evidenciados durante o julgamento, em um corpo de jurados formado exclusivamente por brancos mórmons. Em pesquisa bibliográfica, identificou-se resultados diferentes em julgamentos de réus negros ou brancos e vítimas negras ou brancas. A raça dos jurados, dos réus e das vítimas, portanto, parece ter grande influência nos resultados de julgamentos. Esses dados, todavia, não foram registrados de forma adequada nos autos dos processos criminais analisados na circunscrição judiciária de São Sebastião/Distrito Federal. Foi percebida omissão ou contradições nos dados referentes aos réus. Não há dados de jurados e raros foram os autos que trouxeram informação de raça das vítimas. Ao final, chega-se à conclusão de que há uma invisibilização desses dados aos olhos do Poder Judiciário, dolosa ou culposa. Essa omissão inviabiliza a realização de estudo quantitativo que permita identificar se esse fenômeno se repete no Estado brasileiro. As taxas de seletividade penal sugerem que sim, mas a falha estatal em documentar esses dados impede que pesquisas sejam realizadas e, por consequência, medidas sejam propostas para fundamentar uma busca por maior paridade racial dos Conselhos de Sentença.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1172631 - BEATRIZ VARGAS RAMOS GONCALVES DE REZENDE
Interno - 1863338 - EVANDRO CHARLES PIZA DUARTE
Interna - 1904522 - JANAINA LIMA PENALVA DA SILVA
Externo à Instituição - HUMBERTO BARRIONUEVO FABRETTI - UPM
Notícia cadastrada em: 05/07/2023 09:46
SIGAA | Secretaria de Tecnologia da Informação - STI - (61) 3107-0102 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - app41_Prod.sigaa35