MONUMENTOS URBANOS A BANDEIRANTES: DISPUTAS DE MEMÓRIA NO ESPAÇO PÚBLICO EM GOIÂNIA E SÃO PAULO
Monumento aos Bandeirantes (GO); Monumento às Bandeiras (SP); Memória coletiva; Disputas de memória; Releituras do bandeirantismo.
Esta tese apresenta uma pesquisa sobre as representações historicamente construídas por diferentes grupos sociais em torno de dois monumentos em homenagem a bandeirantes, localizados nos espaços públicos urbanos de Goiânia (GO) e São Paulo (SP): o Monumento aos Bandeirantes e o Monumento às Bandeiras. Por meio de uma análise comparativa e documental, buscamos responder às seguintes questões: quem foram os agentes envolvidos na construção desses monumentos? A quais instituições estavam vinculados? Como se deram os conflitos de memória no espaço e na esfera públicos, especialmente nos jornais? Quais vozes se mostraram dissidentes? A análise abrange recortes de jornais, fotografias, telegramas, cartas e outros documentos, especialmente aqueles da Coleção BAND – Monumento aos Bandeirantes, organizada e disponibilizada pelo CIDARQ – UFG. Também foram consultados acervos da Fundação Cassiano Ricardo, do Museu da Imagem e do Som – GO, do Museu do Ipiranga, do Museu de Arqueologia e Etnologia – USP, além de periódicos disponíveis na Hemeroteca Digital. O objetivo é mapear a rede de agentes e instituições que, ao longo do tempo, mobilizou e interagiu com esses objetos de valor político e estético. O recorte temporal se estende da criação da primeira maquete de V. Brecheret e do início da Campanha Pró-Monumento aos Bandeirantes em Goiânia (1922 e 1938, respectivamente) até os anos 2000/2020. Como resultado, reconstruímos os momentos que antecederam a inauguração de cada monumento, analisando os discursos dos agentes envolvidos, que reforçavam representações grandiloquentes do bandeirismo no espaço público. Além disso, discutimos as disputas de memória que atravessam os espaços urbanos de Goiânia e São Paulo na atualidade, destacando os conflitos de narrativas em torno da sacralização dos bandeirantes na história dessas cidades. Esses dados contribuem para o debate sobre o lugar de memória que esses monumentos ocupam para distintos grupos sociais — não apenas os historicamente dominantes, mas também os movimentos sociais contemporâneos (indígenas, estudantis, negros), que questionam o pedestal simbólico reservado aos bandeirantes.