A VIOLÊNCIA VIRTUOSA” E A CONSTRUÇÃO DO MILITAR TORTURADOR NO BRASIL: UM RETRATO SOCIOLÓGICO
militar; ditadura; mal; tortura; habitus; frames.
O presente estudo trata da construção e da validação de um quadro teórico que se escora fundamentalmente no argumento da existência de uma afinidade eletiva, no sentido weberiano, entre o habitus da maldade e o habitus militar, desdobramento disposicional do espírito militar. E partindo disso, dada a possibilidade engendrada pelos quadros de sentido do contexto da ditadura, é que teria se instanciado as práticas da repressão, extermínio e tortura, cujos resultados foram a produção prática do mal banal.Para compreender tais quadros de sentido é que colocamos como objetivo desse trabalho a pretensão de engendrar o retrato sociológico do militar torturador, agente da tortura durante o regime militar, bem como compreender melhor a ideologia do regime que legitimou tais práticas. O objetivo é portanto, problematizar a vilanização bem como o anacronismo sócio-histórico que costuma recair sobre os militares torturadores, defendendo uma perspectiva que dê a esses atores o seu devido contexto e disposições. Também buscamos dar ao mal o seu devido caráter de fato social. Com isso, terminamos por trazer o debate sobre a moralidade para dentro da sociologia ao desvelar a tortura como um fato moral e logo, como parte da tessitura da realidade social, não para sucumbir ao fatalismo nem ao determinismo mas para daí sim poder fazer face ao problema como um dado da realidade social.