Banca de QUALIFICAÇÃO: Lucas Buosi

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Lucas Buosi
DATA : 24/10/2022
HORA: 09:30
LOCAL: SOL
TÍTULO:

A busca pela neuroreabilitação: a coprodução de valores sociais e cognitivos.

PALAVRAS-CHAVES:

Interface Cérebro-Computador; Neuroreabilitação; Tecnociência; Controle; Autonomia.

PÁGINAS: 129
RESUMO:

Desde os anos 90 as neurociências têm chamado a atenção pública em razão do
potencial reabilitador de algumas neurotecnologias, especialmente as Interfaces Cérebro-Computador
(ICCs). Elas têm sido legitimadas principalmente pelo seu uso médico, como uma forma de promover a
autonomia de pacientes que possuem graves dificuldades de mobilidade e comunicação e que por isso
precisam de cuidados intensivos. As ICCs possuem como horizonte a modulação efetiva do cérebro, o
estímulo ou a inibição de algumas de suas capacidades mais básicas pelo controle das partes mais
fundamentais, para com isso tornar possível que pessoas possam controlar diretamente (pelo cérebro)
órteses, próteses mecânicas, computadores, enfim, uma variedade de coisas que são feitos de software e
hardware. Tal modulação implica a produção de tecnologias que produzam um encontro material entre
neurônios e computadores; uma tradução efetiva, de um âmbito para outro, das intenções da pessoa e
das possibilidades de aplicação do artefato em feedback constante, redundando com isso na
incorporação pelo cérebro de uma nova habilidade e uma nova percepção corporal. Tais possibilidades
não são sempre imitativas do que é um humano, elas podem ser extensivas, visando a promoção de uma
saúde mais que ótima. Ou seja, em dadas situações o controle possibilitado pelas ICCs se alia com uma
ideia de autonomia, entendida como solidariedade para com os “vulneráveis”, objetivando a
reabilitação; em outros pelo viés da competição entre os “normais”, objetivando ganhos de performance.
Tendo isso em vista, seguindo Hugh Lacey, nos perguntamos: quais são os valores construídos pelos
cientistas brasileiros atuantes na Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em ICCs e como influenciam a
condução de suas agendas; como eles se relacionam com o valor social do controle; e como percebem
(ou não) a tensão entre diferentes ideias do que é autonomia para o ser humano. Para isso, utilizamos do
“idioma da coprodução” formulado por Sheila Jasanoff, objetivando entender empiricamente como
tecnociência (as ICCs) e os valores cognitivos e sociais são mutuamente produzidos, especialmente
controle e autonomia. Nosso foco, em razão do próprio tipo de pesquisa feita no Brasil, é o uso
terapêutico e potencialmente reabilitador das ICCs, levado a cabo particularmente em Universidades
Públicas. A metodologia do trabalho é predominantemente qualitativa, para a qual a realização de entrevistas semi-estruturadas com cientistas líderes, a construção de uma topografia das redes de circulação do conhecimento científico e a análise de conteúdo da literatura científica são instrumentos

centrais.

MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - Bráulio Silva Chaves - CEFET/RJ
Externo ao Programa - 1206942 - CLAUDIO FORTES GARCIA LORENZO
Presidente - 1642428 - FABRICIO MONTEIRO NEVES
Interna - 2529076 - SAYONARA DE AMORIM GONCALVES LEAL
Interno - 1569541 - TIAGO RIBEIRO DUARTE