Banca de DEFESA: Thais Rozas Teixeira

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Thais Rozas Teixeira
DATA : 29/11/2022
HORA: 10:00
LOCAL: SOL - Remoto
TÍTULO:

Você não sabe onde que fica a política, onde começa a ciência': entrelaçamentos inevitáveis entre a ciência e a política climática para a pecuária brasileira

PALAVRAS-CHAVES:

coprodução, controvérsia científica, interface ciência-política, pecuária e mudanças climáticas, remoção de carbono nos solos.

PÁGINAS: 180
RESUMO:

Este trabalho tem como objetivo investigar os debates em torno das remoções de carbono, principalmente a partir da adoção de tecnologias de manejo de pastagens degradadas, como estratégias de mitigação para a pecuária brasileira. Para isso, direcionou-se esforços no sentido de compreender as narrativas dos cientistas envolvidos nos debates, com relação tanto à controvérsia acerca dos potenciais de remoção de carbono de tais tecnologias, quanto aos direcionamentos das políticas climáticas à nível nacional. As estratégias de recuperação de pastagens degradadas, ou integração com outros agrossistemas (como lavouras e florestas), fundamentam-se na afirmação de que pelo manejo das pastagens é possível fortalecer o mecanismo de estoque de carbono nos solos e, assim, reduzir as emissões pela remoção. Apesar do lugar de destaque ocupado nas políticas nacionais, isso não quer dizer que não existem controvérsias, ou que a ciência fala “a verdade” ao poder, num movimento linear de aconselhamento. Dessa maneira, parte-se da noção de coprodução para investigar as complexidades e imbricamentos entre ciência e política, as quais são mutuamente coproduzidas nesse contexto. Mais ainda, como controvérsia científica, dois grupos de cientistas contribuem significativamente com pesquisas e resultados conflitantes entre si, e demarcam fronteiras entre o que é uma boa ou má pesquisa, negociando critérios de validade e credibilidade. Por meio de leituras e incursões da pesquisadora no campo da controvérsia, os grupos de cientistas que centralizam o debate sobre o potencial de mitigação das tecnologias de manejo estão relacionados à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e ao Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (CSR/UFMG). Com relação às negociações, os cientistas buscam critérios neutros e fronteiras objetivas para se referirem e 

justificarem os resultados considerados divergentes, como a quantidade de pesquisas, escolhas metodológicas para lidar com dados diversos, e como publicam seus resultados. Mais ainda, também disputam os próprios termos das negociações, ou seja, cada grupo de cientistas parte e resulta de enquadramentos diversos do que seria ou é o mundo, colocando em discussão a geopolítica climática e concepções epistemológicas para o fazer científico, e por isso apontamos os entrelaçamentos inevitáveis entre ciência e política. Assim, para além de negociações na esfera científica, argumenta-se que os cientistas também disputam as formas de fazer ciência, tendo em vista que os debates tomam efeito de realidade e contribuem para constituir uma arena híbrida de disputa, na qual cientistas da Embrapa defendem a ideia de uma ciência preocupada e alinhada a interesses nacionais, enquanto cientistas do CSR argumentam em prol de uma ciência mais desinteressada, eivada de interesses. Em termos de operacionalização, foram realizadas sete (7) entrevistas qualitativas em profundidade para acessar as narrativas dos cientistas centrais, junto a leituras de trabalhos técnicos e participação em eventos da área, no intuito de entender os critérios em negociação e que tipo de concepções geopolíticas, epistemológicas e direcionamentos para a política os cientistas estão coproduzindo, se na direção de uma pecuária brasileira eficiente e sustentável ou alternativas diferentes voltadas para a intensificação da produção.

MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - Paulo de Freitas Castro Fonseca
Interno - 1642428 - FABRICIO MONTEIRO NEVES
Interno - 1804106 - STEFAN FORNOS KLEIN
Presidente - 1569541 - TIAGO RIBEIRO DUARTE