Banca de DEFESA: Matheus Almeida Pereira Ribeiro

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Matheus Almeida Pereira Ribeiro
DATA : 28/08/2023
HORA: 15:30
LOCAL: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília
TÍTULO:

PÓS-GRADUAÇÃO NO EXTERIOR E GEOPOLÍTICA DO CONHECIMENTO: PERFIL E CONDICIONANTES DA CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL DE SOCIÓLOGAS E SOCIÓLOGOS BRASILEIROS (1964-1985)


PALAVRAS-CHAVES:

História das Ciências Sociais; Geopolítica do Conhecimento; Ditadura Militar; Pós-Graduação; Intelectuais.


PÁGINAS: 448
RESUMO:

A institucionalização das ciências sociais no Brasil, assim como em outras nações do Sul-Global, é atravessada diretamente pelas assimetrias de poder no campo do conhecimento. Esta tese de doutorado aproxima a história das ciências sociais ao problema da geopolítica do conhecimento, debruçando-se sobre uma dimensão central do processo formativo acadêmico: a realização de cursos de pós-graduação. Circunscrevendo a pesquisa sobre um período paradigmático para o fluxo acadêmico internacional na história brasileira, e observando uma disciplina em específico, esta empreitada responde a seguinte pergunta: em que medida as assimetrias globais que estruturam as relações de poder no campo do conhecimento conformaram o perfil e os condicionantes da circulação internacional de sociólogas e sociólogos brasileiros durante a ditadura militar? A investigação se baseou, primeiramente, em uma análise bibliográfica da literatura especializada em história das ciências sociais, examinando as condições de construção de instituições entre 1930 e 1960 e o desenvolvimento de estruturas de ciência, tecnologia e pós-graduação durante a ditadura militar. Em um segundo momento debruçou-se sobre o perfil dos fluxos internacionais ao exterior a partir da análise quantitativa de dados sobre sociólogos/as brasileiros que realizaram cursos de pós-graduação no exterior entre 1964 e 1985. Por fim, trabalhou-se com 15 entrevistas com sociólogos/as que fizeram sua formação no exterior, de modo a levantar os condicionantes que influenciaram essas experiências. Primeiramente, foi possível notar que as assimetrias globais no campo do conhecimento afetam diretamente a construção de instituições e projetos de pesquisa em ciências sociais no Brasil das décadas de 1930 e 1960. A articulação entre atores e instituições, nacionais e do exterior, atravessada por categorias como “ausência”, “singularidade” e “desenvolvimento”, sedimentou relações de dependência e periferização do campo intelectual nacional. O desenvolvimento do sistema de ciência, tecnologia e pós-graduação nacional sofreu influência direta dos Estados Unidos no intervalo de 1964 a 1975, e a busca do Estado nacional em promover maior autonomia científica e tecnológica a partir de 1975 não foi capaz de romper com laços de dependência ao nível institucional, resultando no aprofundamento da subordinação cultural e simbólica da comunidade científica brasileira para com instituições do Norte-Global. Na primeira metade do regime militar, o financiamento estrangeiro, de instituições alinhadas à política externa norte-americana, foi crucial para a realização de mestrados e doutorados no exterior, com destaque para os Estados Unidos. De 1975 a 1985 observa-se o fortalecimento das bolsas de agências nacionais, CAPES e CNPq, mantendo, contudo, padrões de fluxo unilaterais ao centro. Além disso, os temas de pesquisa dos/as pós-graduandos/as refletiam, ainda que de modo indiciário, padrões periféricos de inserção acadêmica dos brasileiros na divisão global do trabalho intelectual, com predominância de estudos de casos nacionais e orientação a partir de teorias de modernização. Entre os condicionantes comuns que influenciaram as trajetórias de fluxo ao exterior estão: a falta de acesso local à pós-graduação; as relações de deferência a instituições, autores e produções intelectuais do Norte-Global; e papéis sociais associados a relações de gênero. Porém, as trajetórias situadas entre 1964-1975 possuem maior dependência de redes de contatos extra institucionais para acessar meios de financiamento, majoritariamente estrangeiros, ao passo que intelectuais que se formaram entre 1975-1985 foram influenciados pela maior solidez das agências nacionais, com menor impacto da repressão direta do Estado. A tese destaca a relevância da geopolítica do conhecimento nos estudos sobre a história das ciências sociais no Brasil, revelando como as assimetrias nas relações globais de poder moldaram o desenvolvimento do campo sociológico brasileiro.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - MARCIA CRISTINA CONSOLIM - UNIFESP
Interno - 1642428 - FABRICIO MONTEIRO NEVES
Interna - ***.629.831-** - FERNANDA ANTONIA DA FONSECA SOBRAL - NÃO INFORMADO
Externo à Instituição - JOAO MARCELO EHLERT MAIA - FGV
Presidente - 1505195 - SERGIO BARREIRA DE FARIA TAVOLARO
Notícia cadastrada em: 07/08/2023 15:05
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