TDAH, NARRATIVAS E DESENHOS INFANTIS: uma correção possível para compreender o processo de socialização, no espaço escolar, a partir das percepções de crianças cm Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
TDAH; Sociologia da Infância; Antropologia da Criança; processo de Socialização; desenhos infantis
Esta proposta de pesquisa tem como foco de estudo a análise sociológica das percepções das crianças prejudicadas com TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade acerca de seu processo de socialização no ambiente escolar, através de suas narrativas e de desenhos produzidos por elas. A pesquisa será realizada com meninos e meninas, com idade entre 06 a 10 anos. Optamos assim por crianças matriculadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental Regular I, de uma escola rural e de uma escola urbana do Distrito Federal, que possuem índices contrastantes nos indicadores do IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, do ano de 2019. Partimos do entendimento, de que as crianças criam para si uma rede de relações que não é apenas dada, mas que é socialmente construída por elas, essa pesquisa se orienta pelo reconhecimento da criança como sujeito social ativo, pleno e atuante, pela importância de se abrir espaço para a escuta de suas vozes e pela valorização de se pesquisas realizadas com crianças e não sobre crianças; pois "elas têm um papel ativo não só na constituição de laços e relações sociais como na elaboração de uma imagem, uma identidade, para si e para os outros". COHN (2005, p. 32). Priorizamos, assim, as narrativas e discursos desses sujeitos sociais sobre os processos de socialização vivenciados por eles no espaço escolar. Proponho desenvolver um trabalho qualitativo, fundamentado em estudos teórico-metodológicos da Sociologia da Infância e da Antropologia da Criança, que visa descrever os sentidos e os significados que as crianças atribuem ao TDAH, as implicações físicas e emocionais, a memória do vivido, a singularidade das situações, a dinâmica de suas interações sociais com seus pares, familiares, professores e comunidade escolar mais ampla, ao seu processo de medicalização, ao seu desempenho escolar e, sobretudo, o que isso revela sobre a relação dialética entre as crianças e o meio social em que estão inseridos. A orientação metodológica de nossa pesquisa é qualitativa, de base etnográfica, já que esta fornece ao pesquisador uma combinação de técnicas investigativas que levam na consideração dos aspectos relacionais e interacionais dos atores envolvidos. Escolhemos as entrevistas narrativas - coletadas a partir de um processo empático de escuta com as crianças (KAUFMANN, 2013) e os desenhos infantis produzidos pelas crianças investigadas, por serem métodos capazes de revelar que a experiência individual é uma fonte rica para se compreender o social. Acreditamos que tanto as narrativas quanto os desenhos expressam, ao mesmo tempo, singularidades, subjetividades e marcas do social- elementos intrinsecamente relacionados