“Feminina sim, feminista não: perfil, trajetória e valores políticos das deputadas federais antifeministas de extrema direita na 56º Legislatura”
Antifeminismo; Bolsonarismo; Extrema Direita; Neoliberalismo; Neoconservadorismo
Os últimos anos foram marcados por um recrudescimento conservador na política brasileira. As eleições de 2018 indicaram a pavimentação de atores e atrizes na política institucional declaradamente antifeministas e com discursos misóginos associados a movimentos amparados em uma radicalização política. Partindo do pressuposto que essa movimentação apresenta-se como contra-resposta aos avanços e lutas das agendas feministas vislumbradas na última década, esta tese de doutorado teve como finalidade analisar o avanço de narrativas e aderências ao antifeminismo e seus desdobramentos na política institucional, entre as deputadas federais alinhadas ao espectro ideológico de extrema direita eleitas para a 56º Legislatura da Câmara dos Deputados. A aderência e organização de discursos antifeministas ganharam espaço, impulsionadas por candidaturas femininas que se atrelaram durante todo processo eleitoral à figura do então candidato à Presidência da República Jair Messias Bolsonaro, amparadas por uma concepção de família claramente recortada e firmemente defendida. Alinhou-se, assim, à imagem do líder a representação de alguém que representava uma tutela, proteção e amparo ao feminino, o qual se encontrava ameaçado pelas investidas da agenda feminista. A partir de uma revisão bibliográfica sobre a ascensão de governos de extrema-direita no mundo, propomos um debate teórico referenciado, a partir da análise das campanhas eleitorais das dezoito deputadas federais eleitas por partidos de extrema direita no Brasil, em 2018. Mobilizou-se, destarte, naliteratura especializada, a hipótese central de que o bolsonarismo tem se tornado uma incubadora de atrizes políticas antifeministas. A pesquisa pautou-se no levantamento e análise dos conteúdos postados pelas deputadas federais eleitas de extrema-direita durante a campanha eleitoral de 2018, tanto em suas páginas no Facebook e Twitter, como em vídeos e lives no YouTube e. Entre os resultados, observou-se certa lacuna existente nas Ciências Sociais acerca das ações coletivas antifeministas, as quais têm como finalidade diluir a luta das mulheres. Entre os resultados, observou-se que o alinhamento entre o neoliberalismo e o neoconservadorismo aliados ao aumento da utilização do ciberespaço, são de extrema importância para a manutenção das desigualdades de gênero e da opressão das mulheres. Além disso, é possível apontar que o antifeminismo à brasileira consolida a disputa em torno de categorias que são caras a esse movimento social, como preceitos de representatividade, maternidade, feminilidade e a própria categoria mulher. Por fim, é possível afirmar que o período de análise (2018-2022) demarcou que o antifeminismo aqui tratado, pode ser intitulado de “antifeminismo de estado” e que tem como finalidade adentrar a política institucional para extinguir agendas que perpassam o feminismo.