Gilberto Freyre: entre o intérprete da harmonia e o sociólogo do conflito e da violência social no Brasil
Gilberto Freyre; harmonia social; conflito; pensamento social; violência
Este trabalho busca revelar Gilberto Freyre não apenas como o intérprete da harmonia social no Brasil, mas também como o sociólogo que investiga os conflitos e as violências presentes na sociedade nacional – dois aspectos de sua produção que têm recebido menor atenção no campo do pensamento social brasileiro. O objetivo da pesquisa é ampliar, portanto, a compreensão sobre a complexidade de Freyre, explorando em sua obra a idealização de uma convivência harmônica entre grupos sociais distintos no Brasil, bem como a presença de conflitos e violências sociais na formação do país. Ao destacar essa dualidade, pretende-se contribuir para um debate mais abrangente sobre o legado intelectual do pernambucano, evidenciando as múltiplas dimensões e contradições do autor. Assim, com base num exame circunstanciado de alguns de seus escritos fundamentais, buscaremos mostrar que em Freyre coexistem um intérprete do passado brasileiro, em termos de um arranjo social harmônico, em conjunto com o sociólogo que descreve empiricamente o conflito e a violência enquanto fenômenos constitutivos de nossa história social. O enfoque bibliográfico da pesquisa está concentrado no tríptico “Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil”, iniciado com a publicação de Casa-grande & senzala em 1933, continuado com Sobrados e mucambos em 1936, e finalizado com Ordem e Progresso em 1959.